ENCONTRAMOS O VERDADEIRO CASTELO DE DRÁCULA
Romênia investe em turismo vamp responsável. E nem o castelo de Bran (próximo de Brasov) e menos ainda a fortaleza de Poenari (arredores do Condado de Arges) correspondem ao castelo do romance de Bran Stocker. Se a localização não bate, as formas e a arquitetura da mítica fortaleza e sua misteriosa sala octagonal (essa merece um artigo próprio, a ser publicado em breve) onde o jovem Harker fica preso e enfrenta terríveis e sedutores mistérios tem mais a ver com o castelo escocês de Sláin do século XVII-XVIII (na província de Aberdeen, Escócia, que já foi uma igreja e hoje um bar temático) do que tudo.
Como sabem o romance Drácula é aquilo que é, um romance, sem pretensões de tornar um Voivode Romeno em algum ser folclórico de qualquer tipo. Ainda que seus bastidores não sejam tão claros neste sentido. Há muito mais nisso do que sonham os incautos, darei algumas pistas na leitura deste post.
Nesse prado das possibilidades apresento argumentos interessantíssimos e atuais. Também discuti este tema longamente nas páginas de meu livro #Mistérios Vampyricos (Madras Editora, 2014) e a venda de mais de 12.000 exemplares e o sucesso obtido no stand durante seu lançamento atestam um mercado crescente de apreciadores do assunto quando abordado fora das visões limítrofes e repetitivas locais.
Existem pelo menos 3 figuras quando falamos de Drácula na Contemporaneidade, são elas: O personagem do livro (o menos conhecido de todos), o personagem da cultura pop (popularizado pelo cinema e mais famoso do que Buda ou Jesus enquanto figura messiânica segundo o site IMDB) e a persona histórica o Vlad Drakul e o Vlad Tepesh da Casa Bessarabi. Empresto esta classificação do amigo e pesquisador Arturo Branco, que entrevistei na Vox Vampyrica pela ocasião do lançamento de Origens de Drácula (Madras Editora). Aliás, no quesito pesquisa sobre Drácula e vampiros realizada no Brasil meu top de autores favoritos são Marcos Torrigo, Andrezza Ferreira, Shirlei Massapust, Marcelo Del Debbio e o Arturo Branco. Este artigo focaliza o Drácula personagem do livro e seus bastidores.
Tracei uma rica história entre o contexto do romance e o ocultismo em uma palestra de abertura do Cine Phenomena no Museu da Imagem e do Som.Ampliei e atualizei muitos conteúdos nas celebração oficial dos 120 anos da publicação de Drácula durante os festejos do World Dracula Day no Brasil, realizado na Escape Hotel.
E na abertura da nova temporada 2019 do #CINEMADAMEREDEVAMP, aos domingos no lendário Madame Underground Club iniciamos com a exibição do filme de Francis Ford Coppola e uma fala emocionante sobre o contexto de Drácula reunindo o que havia de mais interessante do que já havia apresentado anteriormente.
Tudo isso já elabora uma trilha bem atual, aprofundada e sensata sobre o contexto, para buscadores honestos – e afasta o sensacionalismo vulgar e pseudo erudito sobre o assunto, assim como o para lá de empobrecido, desatualizado e infame “acadêmicos brasileiros” regogitando suas bibliografias “mais do mesmo” que está comprovadamente desatualizado e caiu por terra há bem mais de 20 anos – que ainda hoje tentam vender como inovação e a palavra final do tema.
Bram tomou muitas liberdades criativas diante do seu personagem, que já existia antes dele conhecer a história do Vlad Drakul e do Vlad Tepesh nas páginas de Land Beyond Forest de Emily Gerard. Aliás, você já viu o retrato falado do personagem seguindo o descrito no livro? Originalmente o escrito seria ambientado na região da Styria conhecida por suas panteras, pelo vinho e como a região de Carmilla Karnstein, outra grande vampira dos romances escrita por Sheridan LeFannu e que influenciou profundamente Stoker.
Há quem mencione uma misteriosa sociedade secreta chamada Ordem do Lírio Negro e que o romance seria um roteiro velado de sua iniciação por detrás de tudo isso. Similar aos chamados livros que descrevem ritos de graus maçônicos, só funcionaria para quem tenha uma chave interpretativa ao tentar decifrá-lo. Mas neste sentido os britânicos da Ordem da Aurora Dourada estariam muito mais pontuais e factuais, discuto isso adiante neste “post” . Aliás se você quiser se aprofundar no tema sugiro que vá conferir este link aqui.
Uma das passagens mais estranhas e curiosas do romance é a localização do castelo do personagem que não é a mítica fortaleza de Poenari do Vlad da Casa Bessarabi. Na paisagem imaginária do escritor irlandês este castelo ficava depois do desfiladeiro de Borgo (Borgo Pass) que também nunca existiu na vida como ela é (pelo menos até as fontes consultadas em livros célebres como Enciclopédia dos Vampiros de Gordon Melton ou Em Busca de Drácula, clássico absoluto de Radu Florescu e Raymond T. Mc Nally, a lista pode ser regiamente ampliada e inclusive era inexistente tal informação nos livros sobre vampiros feitos no Brasil e mesmo de conteúdo traduzido para o português até o despontar deste artigo! O que é bem estranho!)
Não havia nada exatamente parecido ou tão próximo ao Castelo de Poenari, em Cuntea de Arge como Borgo Pass. Era muito mais fácil tal abismo ser uma passagem metafísica ou alegoria do famigerado abismo do conhecimento ou a temida “Daath” dos qabalistas. Tema que aliás Stoker conheceu na sua passagem pela Aurora Dourada. Mas diferentemente do Buda, do Jesus ou do Rei Arthur – o Vlad histórico teve seu corpo encontrado (embora o tema ainda hoje enfrente controversas e disputas, logo publico algo neste sentido mais recente).
De volta ao castelo de Drácula no Romance, indo um pouco mais além procurávamos todo este tempo no lugar errado e nos conformamos com fontes desatualizadas, tudo está em direção ao nordeste por lá na atual Romênia. Há uma evidente baixa densidade na qualidade de pesquisas ligadas a todo este contexto na Comunidade Vamp local e internacional. E as “groselhas” já publicadas neste sentido por Ford e Todd na América do Norte e as tiradas mediúnicas furadas de alguns rpgistas e perfís”fakes” de redes sociais brasileiras sobre esses assuntos, só confirmam o que escrevo neste breve artigo. Falta pesquisa de ponta, falta densidade e fontes – ao menos a Comunidade Vamp e nossa plataforma e a REDE VAMP como um todo oferecem algo digno e coeso para vocês que atravessa a mesmíce e a insensatez neste tema.
E eu Lord A:. lhes apresento algo recente e que não encontrarão tão cedo em outro lugar; então, nobres amigos e amigas aproveitem este artigo.
Aliás, falando em cultura pop, nem mesmos os mais ardorosos fãs de Drácula sabem que existe uma sequência de livros “oficiais” criados diretamente sobre os manuscritos e trechos inacabados do próprio Bram Stoker que são levados a cabo por seu descendente Dacre Stoker (conheça estas obras aqui ).
As descrições do castelo no romance incluíam fogos fátuos azulados nas florestas aos arredores, tomados como espíritos femininos que guardavam tesouros e muito mais. Há evidências que tais ocorrências são mais ou menos comuns sobre montanhas com grandes jazidas de enxofre nas suas profundezas. Aliás, enxofre (Sulphur) é um elemento, que além do odor peculiar e infernal tem uma riqueza de simbolismo interessantíssimos na alquimia e nas mitologias e afins. E esta jazida, até onde sabemos não era em Poenari, a fortaleza do voivoda Vlad da Casa Bessarabi e sim de um outro lugar na atual Romênia.
Onde ficava tal lugar? Acabou sobrando para Dacre Stoker e Han Des Roos investigarem os manuscritos originais do ancestral de Dacre e algumas inscrições crípticas nele desvelaram algo surpreendente. Ao contrário do que se pensa, tudo isso se iniciou ainda em 2012 com a publicação do ensaio de Han de Roos “Castle Dracula – Its Exact Location reconstructed from Stoker’s Novel, his Research Notes and Contemporary Maps,” pela Universidade de Linkoeping na Suécia. Você pode ler este ensaio em inglês aqui e tirar suas próprias conclusões da incrível pesquisa de Han!
Vamos falar disso adiante.
Afinal de contas a Romênia investe em turismo vamp responsável – para apresentar o que é da ficção e o que é de sua história e isso só enobrece e torna ainda mais atraente visitar seu território, temos inclusive um projeto neste sentido, que vamos atualizar e reformar o roteiro para mais próximo deste artigo, conheça ele aqui!
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DRÁCULA E O OCULTISMO É claro que a narrativa de Stoker é estruturada sobre o que hoje nomeamos de Jornada do Herói, ou melhor, da Jornada Daimônica proposta pelos psicanalistas Rollo May e Stephen A. Diamond. Tais estruturas se organizam durante o século 20 e tem uma influência grandiosa do mitógrafo norte americano Joseph Campbell.
Mas antes delas se tornarem chaves populares para entendermos grandes obras, o que temos de mais próximo é o chamado processo alquímico e suas múltiplas alegorias, permutas e transmutações. Bran Stoker sabia muito bem sobre tudo isso, ele foi integrante da chamada Ordem da Aurora Dourada como neófito, ainda que nos seus graus iniciais teve conhecimento destes processos apresentados graficamente e de maneira comparativa aos arcanos maiores do tarô.
Era inclusive sabido que todo integrante da ordem precisava desenhar seu próprio baralho de tarô com base nas lições que aprendia em dado momento. Há outras histórias ainda que envolvem o tutor de Bran, o ator e mestre maçom Sir Henry Irving como sua inspiração velada para seu conde.
A ilustradora e cenógrafa Pamela Collman Smith (desenhista do Tarô de Rider Waite, um dos mais populares e famosos do mundo) foi inclusive protegida e grande amiga de Bran também.
Quem conta tudo isso é o estudioso e pesquisador do Tarô Robert M. Place, no livro que acompanha seu Vampires Tarot. Outra hora contaremos essa história por aqui e também outra que envolve Vlad, a Ordem do Dragão e os primeiros Tarôs na bela cidade de Florença na Itália. Aliás, conheça o jogo de Saturno.
De volta a aventura deste post: Dacre e Hans descobriram que o castelo do romance Drácula ficava no pico de Izvorul, localizado nas montanhas do parque nacional Calimani, sobre uma mina de enxofre. Com o apoio da Casa R?ze?ului, da comunidade de Panaci e da equipe do parque nacional de lá, organizaram uma pequena expedição, coordenada por Radu Oprea neste domingo 8 de Setembro de 2019.
A expedição seguiu até o local acompanhados de fãs e seguidores de suas páginas nas redes sociais e lá fixaram uma placa metálica contando a descoberta e tornando o lugar uma atração turística neste domingo 8 de Setembro de 2019. Atitude nobre e necessária que reafirma o compromisso de Dacre e muitos profissionais do turismo de lá, afinal a Romênia investe em turismo vamp responsável
A investigação que levou a esta descoberta começou com o autor Hans Des Roos debruçado sobre algumas notas crípticas dos manuscritos originais de Bram Stoker. Dacre seguiu esta sequência comparando latitudes e longitudes com os nomes dos vilarejos e rios para chegar a esta conclusão.
É um fato consumado que Bram nunca visitou a Romênia e tudo que escreveu de lá veio de pesquisas sobre escritos e mapas presentes na Biblioteca de Londres e do livro de Emily Gerard nos fins do século 19. A região foi habitada no passado pelos povos Cárpios (Povos das Escarpas ou dos Penhascos, fortes e selvagens antagonistas a presença romana na região e aparentado dos Dácios, Sármatas e afins – falo deles no meu livro #MistériosVampyricos e tem mais aqui)
Outras evidências interessantes do pico de Izvorul é que ao Drácula ser apunhalado próximo do final original do romance em seu castelo da ficção, há uma erupção vulcânica nas proximidades e (pasmem!) a cadeia de montanhas de Calimani são vulcânicas em sua natureza e há uma formação de cratera (caldera) por lá bem interessante. Esta acabou sendo a evidência derradeira que o castelo da ficção era lá.
Se o castelo era lá, onde ficava o tal Desfiladeiro Borgo (Borgo Pass) que dava acesso ao vale amaldiçoado onde estava tal fortaleza?
Nunca encontraremos o Borgo Pass de Stoker, mas as montanhas Bârg?u estão lá atingindo cerca de 1201 metros de altitude acima do nível do Mar (um pouco mais baixas que a nossa Serra da Mantiqueira) e lá temos a Passagem Tihu?a (Tihuta Pass), onde passa a rota européia 58 que interliga Bistrita (distrito da Transilvania) e Vatra Donei (em Bukovina, na Moldávia).
A estrada é asfaltada, cruza as montanhas é considerada perigosa e chamada de DN17. (Fonte)E desde 1974 temos um hotel lá chamado Castelo Drácula, uma adorável atração turística com arquitetura de vila medieval e em localização privilegiada. Hóspedes se queixam um pouco da limpeza e também dos quartos serem pequenos, mas o visual e o imaginário compensam. Um bar na torre do sino e uma adega, além dos jantares no terraço durante o verão são as maiores atrações deste lugar. A outra é que toda decoração cria uma interface lúdica com o personagem de Stoker, Drácula da ficção apresentando seu belo reino.
Enfim, este conteúdo é inédito no idioma português até o presente momento e nas principais obras locais de autores brasileiros e em muitas fontes estrangeiras do segmento, fato observado e vivido pelo menos até 2014. Nem mesmo a re-publicação mais recente de Drácula pela Darkside Books, que tanto se gabou de conter pesquisas inéditas contou isso.
Romênia investe em turismo vamp responsável junto com as pesquisas de Dacre e ainda desvela outras passagens menos populares ligadas ao romance como Oradea, Cluj, Bistrita, Tihu?a Pass, Siret River, Gala?i, e Varna. O gerente da expedição brinca que agora a localização sercreta do Castelo de Drácula está muito bem guardada em Pannaci!
Há 16 anos a gente da Rede Vamp tem o hábito em clarear o que é da produção cultural (ou folclórico) e o que pertence a espiritualidade ou cosmovisão do nosso povo. Assim como a Romênia investe em turismo vamp responsável, a gente investe em conteúdos reais sobre o contexto sempre. E assim que pudermos realizaremos este roteiro mais aprofundado e diferenciados que focaliza a jornada do personagem Drácula de Stoker.
Fonte Consultada neste Artigo:
https://www.romania-insider.com/bram-stocker-great-grand-newphew-dracula-castle
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