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Rainha-Akivahsa

CONAN E VAMPIROS BÁRBAROS: A RAINHA AKIVASHA

CONAN E VAMPIROS BÁRBAROS: A RAINHA AKIVASHA – Muito, muito antes de Anne Rice brindar o mundo com Akasha, A Rainha dos Condenados, nós temos a Akivasha a rainha vampira de Robert E. Howard nas histórias do Conan, O Bárbaro. Lá nos tempos hiborianos, logo depois que Atlântida foi engolida pelos mares a vampira já espreitava e caçava onde hoje estão as terras do Egito. 

No entanto, pode ser que Akivasha e Akasha, historicamente falando, encontrem na literatura uma ancestral comum.

Falarei dela mais ao final deste post.

A RAINHA AKIVASHA

O nome de Akivasha é derivado do nome egípcio (Akkaiwasha) para os povos aqueus, segundo os pesquisadores  L. Sprague de Camp, Lin Carter, Bjorn Nyberg e Macmillan na obra Conan the Swordsman. Sua primeira aparição foi no conto: “A Hora do Dragão” da Weird Tales” lá entre os anos de 1935-1936. 

Ela era da família de Tuthamon, uma princesa de Stygia e moradora do Templo de Set em Luxor no Egito. Seu par “romântico” o próprio Darkness One”, quando ela encontra o bárbaro cimério ela já tinha 10.000 anos. Sua fala emblemática se dá no capítulo 18 da obra “A Hora do Dragão”:

Eu sou Akivasha! Eu sou a mulher que nunca morreu, que nunca envelhece! Que os tolos dizem que foi levantada da terra pelos deuses, em plena floração de sua juventude e beleza, para reinar para sempre em algum clima celestial! Não! , é nas sombras que os mortais encontram a imortalidade! Dez mil anos atrás eu morri para viver para sempre! Dê-me seus lábios, homem forte!

A Hora do Dragão, Robert E. Howard

Akivasha já tinha 10.000 anos quando encontrou Conan. 

A Vampira e o bárbaro cimério se encontram no soturno Templo de Set, quando ele procurava o Coração de Ahriman para retomar o reino da Aquilônia que foi usurpado pelo feiticeiro Xaltotun. Akivasha se oferece para levar Conan até o feiticeiro Thutothemes, que possuía o coração na sua câmara de rituais arcanos.

Como era de se esperar, ela tenta seduzir o bárbaro, teria dado certo se eles não encontrassem o sarcófago dela no caminho. E sem dúvida o amor do cimério por sua estimada Zenóbia impediu que Akivasha lhe cravasse os dentes alongados. Conan recupera o coração de Ahriman e consegue escapar do templo, ao som da gargalhada insana da vampira e da perseguição dos seus seguidores.

O CRIADOR DE CONAN E OS MITOS LOVECRAFTIANOS

O que nos faz pensar que as noções de tempo de Howard eram ciclópicas ou ainda titânicas. Longe de ser algum segredo que Robert E. Howard também já flertou com os Mythos de Chtullu do seu amigo pessoal HP Lovecraft. O autor texando, está bem representado no Brasil temos a obra O Mundo Sombrio: Histórias dos mitos de Chtullu de Robert E. Howard compiladas numa antologia da magnífica editora Clockwork Tower.

*Aliás, nesta pegada vampiros lovecraftianos, temos um artigo fantástico sobre eles.

Ainda que bem menos conhecida do que a Rainha dos Céus, como a própria Akasha se referia a si nas páginas de Rainha dos Condenados; a poderosa Akivasha figurou no cinema em 1997 na adaptação de Kull, O Conquistador (o primo Atlanteano ou um Proto Conan do autor Robert E. Howard).

Não sendo uma surpresa a vilã ser vampira, considerando que imortais eram uma febre midiática na época. A história é baseada no conto “A Hora do Dragão”, trocando Conan por Kull e Xaltotun por Akivasha – a vampira acabou sento interpretada pela musa dos anos noventa: Tia Carrere.

A partir daí Akivasha ganhou uma sobrevida e certa popularidade, aparecendo no início do século 21 nos quadrinhos da editora norte-americana Dark Horse entre 2009-2014. Nos videogames ela aparece como inimiga do cimério em  Age of Conan: Unchained , ela é uma chefe no local “Sanctum of the Burning Souls” de 2008. 

Enquanto Conan, O Bárbaro esteve sob o selo da Marvel – a vampira Akivasha esteve implícita ao universo dos vampiros da editora, falamos longamente dessa emblemática história neste outro artigo. Inclusive há uma menção “en passant” a ela na revista Blade III de número 12 sobre uma profecia que poderia tê-la trazido novamente à vida.

Como rainhas e princesas vampiras e egípcias, ao menos residentes deste belo país surgidas nos romances do final do século 19 e começo do 20 são algo fascinante, vale convidar os nobres leitores e leitoras mais atraídos pelo tema a conhecerem a Princesa Issíra, uma vampira criada nesta época aqui no Brasil.

ELA, A FEITICEIRA

Não é nenhum tipo de segredo que Anne Rice certamente conhecia a obra de Robert E. Howard. Ainda assim, a grande dama de New Orleans tinha uma influência ou inspiração mais clara para sua Rainha Akasha. Esta vemos na sentença “Ela que deve ser obedecida” era a personagem Ayesha (lê-se Assha em inglês, segundo o autor, semelhante a Isis). 

Ela era uma personagem  dos romances de Rider Haggard, publicada ainda em 1887, na Inglaterra. Uma imortal egípcia com nuances e traços que remetem aos escritos teosóficos do começo do século 20. Na trama encontraremos reencarnações, feitiçaria e a passagem da personagem através das eras por reinos exóticos. No Brasil conhecemos o primeiro livro como She. Talvez a maior contribuição da personagem e do seu rico panteão, estejam nesta sentença: 

Descobertas recentes parecem sugerir que este misterioso “Fogo da Vida”, que, seja o que for, era evidentemente uma força e não um fogo verdadeiro, uma vez que não queimava, deveu sua origem às emanações do rádio, ou alguma substância aparentada. Embora no ano de 1885 o Sr. Holly não soube nada sobre as propriedades desses maravilhosos raios ou emanações, sem dúvida que Ayesha estava familiarizada com eles e suas enormes possibilidades, das quais nossos químicos e cientistas têm, no momento, apenas explorado a margem.” 

Rider Haggard

Sem dúvida, não apenas Anne Rice foi tocada e inspirada pelo magnetismo de Ayesha. Alguns nomes, tais como CS Lewis (Crônicas de Nárnia, a Imperatriz Jadis), JRR Tolkien (inspirando os nomes de Shelob e Galadriel), o espírito elevado da feiticeira pode ser sentido nas personagens das Brumas de Avalon, de Marion Zimmer Bradley. Isso sem mencionarmos Freud na sua Interpretação de Sonhos e Jung numa palestra sobre Psicologia e Literatura. 

Sem dúvida leitores do E-Book “Sob Tuas Asas: Mística Vampyrica para Adultos” irão enxergar ou pareamento relevante entre a Feiticeira de She e a imagética reinante em Londres no final do 19 – onde temos as Vamps nos cinemas e nos palcos e ainda as Ocultistas que reescreveram o contexto na época.

A personagem inspirou mais de 10 adaptações para o cinema desde 1925; até Ursula Andress já a interpretou em 1965. Até hoje a obra de Rider Haggard já vendeu mais de 87 milhões de cópias, em 44 idiomas diferentes e nunca se esgotou nas suas re-publicações. Abafando com facilidade outro grande clássico de Haggard, as “As Minas do Rei Salomão”.

Se Vampiros de Anne Rice e a Psicologia de Carl Jung lhe atraem e você deseja enxergar as Crônicas Vampirescas por um outro olhar, apoie hoje mesmo o Campus Strigoi – temos conteúdos em videos exclusivos por lá que podem transformar todas as suas noites que ainda virão.

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