A Princesa Issira do Egito, uma Vamp imperial e brasileira
A Princesa Íssira do Egito, uma Vamp imperial e brasileira: Não raramente menciono o arquétipo Vamp e sua irrestrita conexão com o olhar e o “savoir faire” de um esteta. Talvez a proximidade de escritores e escritoras malditas de outros séculos, muito incomodados e perturbados com a modernidade e seu desencanto me levem por tais vielas. E é sempre ali que acidentalmente encontro fontes raras e compartilho tais encontros privilegiados com vocês meus nobres leitores e leitoras.
Sem dúvida a face feminina do Arquétipo Vamp é vasta e sempre muito lembrada pelas “Vamps” presentes no ocultismo, na magia e também nos palcos e nos cinemas do final do século 19 e começo do 20 – e estas foram regiamente homenageadas no meu livro mais recente “Sob Tuas Asas: Mística Vampyrica para Adultos”, disponível em nossa loja.
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PRESERVANDO E RESGATANDO A CULTURA VAMP NO BRASIL
Como vocês também sabem a Rede Vamp mantêm um núcleo de pesquisa e compartilhamento de personagens e criações brasileiras ligados a este diálogo com o Arquétipo Vamp através dos séculos. Isso rendeu os belos artigos 172 anos de produção cultural vamp no Brasil e o sensacional Os primeiros Vamps Brasileiros que feriram os frágeis egos de algumas “famosídades”, você sabe, uns caretas ai que alegavam serem os inventores dos vampiros brasileiros há poucas décadas atrás.
O que era bem estranho pois na década de 90 não faltavam registros de mais de um século desta produção no Brasil. Mas porque será que ainda hoje são tão escassos de serem encontrados?E quase sempre tão varridos para debaixo do tapete na academia? Porque será que não querem que isso ganhe notoriedade? Tal episódio e o tom insensato expresso em ameaças retalhatorias provido por meus detratores será partilhado em um futuro livro de memórias. Adoro desafiar impérios!
Mas de volta a produção cultural Vamp em especial no Brasil tais conteúdos se ramificaram nas minhas obras “Mistérios Vampyricos Arte do Vampyrismo Contemporâneo” (Madras Editora, 2014, novamente disponível na Amazon) e posteriormente no álbum de luxo “Despertar Vamp”(2019) disponível com exclusividade aqui na Rede Vamp. Mais recentemente investigamos a produção cultural vampírica em Portugal em nosso programa Vox Vampyrica nas rádios FM Antena Minho (Braga, Portugal), Epoca Fm (Espanha) e disponibilizamos os respectivos podcasts aqui.
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Vivemos em um país onde nossos acadêmicos vivem de citar obras estrangeiras em versões nacionais desatualizadas em 20 anos pelo menos; ou então rendidos a bibliografias que pendem para lá ou para cá ao sabor dos egos de reitores ávidos por calarem o que desagrada quem lhes alçou ao aonde chegaram. Tudo isso acontece mesmo, este é o mundo. Não foi apenas comigo ou com algum conhecido. Não. Enfim, a verdade é que sobre produção cultural Vamp no Brasil e o seu passado secular ainda estamos bem distantes de um panorama ou skyline mais vasto. Mas a Rede Vamp está aqui e como sempre tem algo para contar que você raramente encontrará por ai. Uma delas foi a exótica A Princesa Íssira do Egito, uma Vamp imperial e brasileira .
A PRINCESA ISSIRA DE JÚLIA LOPES DE ALMEIDA
Na verdade, esta bela vamp é egípcia, dos tempos do faraó Ramsés e uma criação da autora Júlia Lopes de Almeida (1862 – 1934), e eu penso que ambas merecem seu lugar de destaque em nosso imaginário vamp, meus nobres amigos e amigas, inclusive publico este artigo neste sentido para se fazer conhecer e revivermos sua imagética, nos inspirarmos e nos influenciarmos. Parafraseando o professor Pondé “também para nos recordarmos que muito antes de nós, outros muito mais aptos e aptas pensaram, sonharam e escreveram muito melhor…”
A Princesa Issira é a personagem principal do conto A NEUROSE DA COR de Júlia Lopes de Almeida. O conto integrou a antologia Ânsia Eterna, publicada em 1903 no Rio de Janeiro. Na realidade, desconheço se ele havia sido publicado anteriormente. É uma breve mas adoravelmente sombria narrativa. Tal como os venenos mais poderosos e embriagantes; tal como um enteógeno que ressalta o “lumen naturae” a miríade exuberante das cores, sua voluptuosidade e ao mesmo tempo nos recorda do que os pintores renascentistas nos ensinaram: que o preto saturnino também é uma cor. E como a natureza dá a vida indistintamente e a toma como a mesma voracidade, dado seu caráter impermanente e sempre mutável!
“Issira é uma princesa egípcia fascinada e sedenta pelo sangue dos vivos – mais especificamente por sua desejosa cor rubra. Seu conto integrou uma coletânea chamada “Ânsia Eterna” da escritora brasileira Júlia Lopes de Almeida. “
Basicamente a autora Júlia Lopes de Almeida e suas obras foram simplesmente o sucesso editorial dos tempos de Dom Pedro II e posteriormente da chamada primeira república. Aliás, o romance de tom gótico brasileiro teve ela e muitas outras autoras fantásticas que aos poucos vem sendo redescobertas, mas falarei delas futuramente em outros artigos. Júlia inclusive poderia ter sido uma das “imortais” fundadoras da “Academia Brasileira de Letras” se não fosse pelo fato de ser mulher naquele momento histórico. A titularidade da cadeira ficou para seu marido.
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A CONSTRANGEDORA QUESTÃO DA ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS
Segundo consta a “farda” e a “cadeira de imortal” na ABL foi negada a Júlia por conta da organização ser estruturada a imagem e inspiração francesa, sim você leu francesa – o modelo da Academie Française não permitia mulheres, somente homens. A autora esteve presente na redação dos princípios e normas da academia e no processo decisório da formação da ABL. No seu tempo a qualidade de sua obra não raras vezes era comparada e exaltada a altura de Machado de Assis e Aluísio de Azevedo por sua qualidade literária. É constrangedor dizer isso, mas para a ABL daquele tempo importava muito mais ser homem do que propriamente a obra escrita do autor. Tanto que só em 1977 que aceitaram sua primeira associada, a escritora Rachel de Queiroz. Mas basta ler os contos, prosas e poesias de Júlia que prontamente notaremos que alguns basílares daquela academia, não davam nem pro cheiro. Duvida? Basta ler o conto em anexo no final deste artigo. Nele reconhecemos a força das palavras e imagens evocadas pela escritora e como isso certamente destroçaria os egos frágeis da academia a vetaram por isso. Todo Vamp conhece bem esta sensação de sufocamento, não é mesmo? Da minha parte, penso que basta ler a chegada da Princesa Issira a corte do faraó que percebemos a magnitude desta autora e o porque sua obra foi silenciada. Compartilho este trecho adiante neste mesmo artigo.
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AUTORAS DOS ROMANCES GÓTICOS BRASILEIROS
Enfim, o tom de romance gótico é notório. Em seus escritos e ela enxerga um terror muito singular nos temas de suas histórias. O olhar feminino, de tons Ying, explora e expressa o terror presente na vulnerabilidade, na submissão, no abandono, no abuso, na loucura, na morte e também no suicídio. Empresta a voz para aquilo que o masculino naturalmente consegue se aperceber sem prontamente se esconder detrás de falácias e escapismos vãos. Júlia é uma autora fundamental da literatura brasileira e merece ter sua vox novamente apreciada e ressonante em nossos tempos. Outra maneira interessante de enxergarmos outras visões sobre vampiros é este outro artigo exclusivo sobre os Vampiros Negros.
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Outro ponto extremamente interessante e seu diferencial é como a autora focalizava a personagem e não tanto sua erotização para atrair e envolver os leitores com uma atmosfera densa e sensorial – mas como uma selva, um selvagem jardim onde a morte espreita que lá se aventura. Hoje em dia isso pode parecer um lugar comum na ficção “dark” mas para aqueles tempos é uma mudança de referencial atraente.
O elemento “Vamp” desta bela história está mais para o subjetivo, porém quase um século antes da Rainha Akasha de Anne Rice ou da Miriam de Whitley Strieber já tínhamos uma atraente e magnética princesa egípcia de nuances vampirescas nas páginas da literatura brasileira. Ouso especular que Issira, certamente me remete a gravitas e a força de uma Deusa Isis, dai é facil transitar pelo imaginário das rainhas dragões, das Vamps e de uma mística feminina mais sombria e vasta como a natureza.
E como mencionei anteriormente, esta breve passagem de “A Neurose da Cor” emoldura esta imortal: “A beleza de Issira deslumbrou a corte; sua altivez fê-la respeitada e temida; a paixão do príncipe rodeou-a de prestígio e a condescendência do rei acabou de lhe dar toda a soberania. O seu porte majestoso, o seu olhar, ora de veludo, ora de fogo, mas sempre impenetrável e sempre dominador, impunha-na à obediência e ao servilismo dos que a cercavam.”
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Este e outros contos da autora foram publicados na antologia Medo Imortal da Darkside Books, disponível aqui. Outro “post” que adorei sobre a autora e sua personagem foi este aqui. E como não poderia deixar de ser compartilho a seguir, diretamente do Google Books este diamante negro:
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