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THOMAS KARLSSON: Uma entrevista muito especial.

* ENGLISH VERSION, HERE!

Entrevista: Thomas Karlsson

Thomas Karlsson é um erudito em história, religião, mitologia, runosofia e filosofia. Também é o autor de obras contemporâneas seminais dedicadas ao Cabala, Goetia, Qlipoths e as Runas. Possui doutorado em história da religião e mestrado em história das ideias pela universidade de Estolcomo, na Suécia. Desde 1996 foi o letrista responsável por diversas canções da banda THERION (já entrevistados pela Rede Vamp). É o fundador e líder da ORDO DRAGON ROUGE, discreta ordem e sociedade mágicko-iniciática que trabalha com o Caminho da Mão Esquerda. Recentemente participou do International Left Hand Path Consortium na cidade de Atlanta nos Estados Unidos e organiza palestras e conferências na misteriosa Ilha de Capri na Itália. E hoje concede sua primeira entrevista ao Brasil e América do Sul. aqui na REDE VAMP! Nossa gratidão em especial a nossa amiga e leitora Daiana (esposa de Thomas) que permitiu tal encontro internético e excelente bate-papo.

Lord A:. Algumas vezes ao ler seus livros tenho a impressão de que vossa abordagem do LHP e até mesmo das Qlipoth seja um tipo de tradução VIKING destes conteúdos.É como o antigo jeitão dos GODOS de se apropriarem dos simbolos, mitos e ritos temidos por seus adversários e de interpretarem e fazerem uso ao seu favor nos embates. Existe algo assim?
Thomas Karlsson:
Se quisermos descobrir as raízes da tradição da magia negra nos encontraremos os Góticos (Godos) e a Magia Gótica. Os Godos são um povo que as raízes vem do norte. Os míticos povos do norte foram mencionados nos escritos dos antigos gregos. Ao longo da história estes mitos se entrelaçaram com fatos históricos; realidade e fantasia são geralmente difíceis de serem distinguidas uma da outra. A Ordem Dracon Rouge não tem como foco os detalhes históricos mas enxerga a magia gótica (dos Godos) nos termos de seus fundamentos míticos e arquetípicos. O Norte é a representação do lado noturno, o mesmo é válido também para o hemisfério sul. Ambos os polos, norte e sul, são portais para ”O Outro Lado” (na cabala chamado de de Sitra Ahra). Eu tenho minha ancestralidade pessoal vinda de Gottland, uma ilha no mar báltico onde encontramos as mais antigas descobertas da espiritualidade escandináva. Então, de um ponto de vista pessoal este legado tem muito significado, enfatizo que sob tal superfíce encontraremos a mesma corrente draconiana em todas as tradições esotéricas verdadeiras.

Lord A:. Como o trabalho de Johanes Bureus entrou na sua vida e foi inclusive responsável por um dos seus livros que é o meu favorito.É possível usar magickamente suas runas, armamento e ferramentaria ainda nos dias de hoje? Se pudesse elucidar ou destacar alguns de seus pontos favoritos na obra de Bureus, quais seriam?
Thomas Karlsson: 
As contribuições mais importantes de Bureus foram as pontes estabelecidas entre a antiga magia Viking, a sabedoria das runas de Odin e o ocultismo renascentista, com seu novo e aprofundado conhecimento de Magia e Qabalah (através de Pico DeLa Mirandolla, Reuchlin, Agrippa para nomearmos uns poucos). O sistema dele é entretanto mais pragmático se comparado por exemplo com a magia enoquiana de John Dee. Quase tudo no sistema das Adulrunes “nobres runas” de Bureus pode ser aplicado junto com as ideias e métodos da cabala, das tradições tântricas ou ainda dos antigos cultos de mistérios dos gregos. Seu uso das runas é uma ressurgência ou mesmo um reviver das runas como selos para grandes objetivos espirituais.

Lord A:. Shadowseeds foi um projeto musical de sua autoria que adorei, principalmente no álbum “Der Mitternacht Löwe” e a influência da obra de Bureus é notável alí. Há planos para mais álbuns do Shadowseeds ou ainda novos projetos musicais solo ou com novos parceiros em andamento?
Thomas Karlsson: 
Existe muito material para um novo álbum do Shadowseeds algum dia, mas não há planos concretos para isso ainda. Eu colaboro com bandas como Therion, Serpent Noir, Kaamos, Luciferian Light Orchestra e Ofermod. Bandas conectadas com a corrente draconiana. Minha esposa é brasileira e eu estou trabalhando atualmente num projeto com inspirações de Dead Can Dance e Death in June. Meu primo que é um dos primeiros membros da Dracon Rouge e eu temos planos para um projeto de techno draconiano, mas não é uma das nossas prioridades no momento, nosso tempo é tomado pela vida professional, familia e tal.

Lord A:.  2016 as runas são conhecidas em boa parte do mundo e há muitos runólogos – ou pessoas que alegam desenvolver tal atividade.Como tem sido assistir ao redor do mundo este ressurgimento e ampliação do Asatru e Heathen, Deuses Nórdicos e seus valores?
Thomas Karlsson: 
O interesse nas runas cresceu ao redor do mundo. Quando que vivia na China encontrei pessoas interessadas nos mistérios rúnicos. Há três grandes épocas do ressurgimento rúnico: A primeira é a Renascença Escandináva com Johantes Bureus como pessoa de maior destaque. A segunda é na Alemanha do século 19 e na Áustria com Guido Von List e outros; a terceira  são os anos setenta com o Dr. Stephen E. Flowers que vem a ser o grande foco deste ressurgimento. Algumas pessoas se interessam pelas runas como uma expressão para seu romantismo da era Viking, mas para mim e outros esotéricos, as Runas tem seu valor como selos espirituais que podemos usar assim como aqueles legados pelos antigos gregos, hebreus ou o sânscrito.

Lord A:.  Para você o trabalho de Bureus foi decisivo neste renascimento das Runas? Aliás como foi seu início no que hoje chamamos por comodidade de ocultismo, espiritualidade e magia? O que lhe atraiu no começo e o que te inspira, influencia e motiva no presente?
Thomas Karlsson: 
Eu tive experiências astrais quando criança e isso me direcionou para o caminho esotérico. Foi uma parte natural da minha vida e ocorreu quase sempre através de sonhos lúcidos. Na minha infância projeção astral e sonhos lúcidos não tinham nada de sobrenatural para mim, eram como qualquer outra coisa que acontecia comigo. Por volta dos doze anos percebi que aquilo que era nomeado como oculto e suspeito alimentava meu interesse neste contexto. Crescer na Suécia, uma sociedade cristã secular e com um grande número de ateus e uma crença quase religiosa na iluminação, provavelmente me ajudou  a me envolver com muitas formas sombrias do ocultismo. O lado negro e a trilha da mão esquerda quebram modelos para tornar cada um hábil para ditar as condições que almeja para sua própria vida. É quase um tipo de existencialismo espiritual, enfatizando a vontade, escolha e responsabilidade. Mesmo assim, na essência sou influenciado pelos valores da minha educação, embora de um ponto de vista prático tenha ido além do paradigma atual e explorado o que hoje é pensado como realidades sobrenaturais.

Eu estou envolvido com o meio esotérico por bem mais de duas décadas e tenho largo interesse neste campo. Minha visão básica é que a realidade é mais complexa do que qualquer sistema possa definir. Nenhuma tradição é perfeita e sempre haverão falhas em todos mapas de realidade, isso é consequentemente necessário para se comparar diversas tradições para encontrar aquilo que é imanente em suas estruturas ocultas. Eu focalizo meus esforços sobre o processo iniciatico na meta-tradição nomeada como o Caminho da Mão Esquerda, a qual enfatiza aspectos sombrios do esoterismo.

As experiências iniciais da então chamada natureza oculta me tornaram interessados nos estudos esotéricos e neles tive diversas influências. Fui inspirado pela tradição kabbalística e especialmente por seu lado negro, conceitos e práticas de sistemas tântricos. As Runas e os mitos nórdicos são uma parte natural do meu trabalho spiritual, assim como  a arte surrealista de Dali e Breton me impactaram  desde o começo e no meu entendimento do oculto, este inspirou os trabalhos e ideias deles.

Ao longo da minha trilha fiz votos e juramentos ao poder e inteligência máxima que nomeei como “O Dragão”, mas outros místicos poderiam chama-lo de “Deus”. Tenho dois focos principais na vida que são cuidar dos meus filhos, da família e dos amigos; o outro é prosseguir meu trabalho como líder da corrente draconiana neste aeon.

logesidan_gotlandstempelLord A:. Todas as pessoas são bem-vindas na Ordo Dragon Rouge? O que é preciso  para integrar tal sociedade?
Thomas Karlsson: 
Todos são bem vindos na Ordo Dragon Rouge, não importa o antecedente, mas se não trabalhar com lealdade a seus irmãos e irmãs na Ordem você jamais será um membro. Para se estar na Dragon Rouge você deverá deixar para trás o ego infantíl, bem como suas atitudes contraproducentes. Nesta sociedade mantemos nossas mentes abertas, discussões abertas, disciplina e um forte desejo de contribuir e trabalharmos duro por nossos objetivos pessoais e objetivos comuns.

Lord A:. Já faz mais de uma década que seu livro “Kabbala, kliffot och den goetiska magin” foi publicado, para a gente do REDE VAMP ele é um verdadeiro clássico do gênero – na sua visão quais foram as principais contribuições, influências e desdobramentos desta obra em múltiplos contextos?
Thomas Karlsson: 
O livro Kabbala, kliffot och den goetiska magin (Cabala, Qlifoth e Magia Goética, no Brasil publicado pela Editora Coph Nia ) estabeleceu um novo padrão para todo o mundo e oferece em primeira mão uma fonte para o conhecimento sobre nosso campo de atuação, eu gosto de mencionar o meu livro para os magos e os místicos de Estolcomo como uma maneira de conquistar e obter mais conhecimento sobre o trabalho draconiano a partir de perspectivas mais pessoais.

Lord A:. UPPSALA é impossível não se envolver e se encantar pelo tom respeitoso e de grande vivência que empresta em suas obras a este templo. Pode falar um pouco sobre sua vivência e descobertas por lá?
Thomas Karlsson: 
Uppsala é uma das mais antigas cidades universitárias da Escandinávia e também o lugar onde ficou o principal templo de Thor, Odin e Freia mencionado por Bremen em 1076. Na universidade de Upsala estão guardados os manuscritos de Bureus, todos colecionados e organizados e você pode ler eles no bélissimo codex com capa de prata e temática gótica é o Codex Argentius do Século XVI. Lá é um solo mágico e sagrado nórdico e também uma das mais importantes cidades universitárias dos países nórdicos.

Lord A:.  GOTTLAND! Acompanho seus posts e fotos de lá, sei que há um templo da ODR por lá e do profundo respeito que nutrem pela ancestralidade desta ilha.  Vamos conhecer mais deste lugar mítico em seus próximos livros?
Thomas Karlsson
Gotland é o berço de toda espiritualidade nórdica. As mais antigas pedras rúnicas, os retratos em pedra das viagens de Odin pelo mundo, pedras da deusa bruxa e muito mais pode ser encontrado em Gotland. Posteriormente esta tradição seguiu para as terras da Escandinávia. Lá em Gotland você caminha na terra da tradição dos mistérios góticos nórdicos. Eles ainda vivem ao seu redor.

LatLord A:.  Thomas, como você vê o uso do termo gótico nos dias de hoje usado para designar estéticas contemporâneas desprovidas e até mesmo sustentando um tom antagônico ou ainda usada sem qualquer relação alguma com os povos Godos e Visigotos ou da distante Gottland?
Thomas Karlsson: 
Devemos aceitar algumas tendências e a subcultura gótica de hoje oferece muita coisa boa. Pode funcionar como uma semente para uma compreensão mais profunda dos mistérios góticos dos nórdicos. Para a maioria será apenas uma atitude subcultural, mas para alguns leva à uma compreensão verdadeira.

Os góticos nórdicos (Godos) não eram vistos em termos positivos. Na história européia, os godos foram vistos principalmente como um povo sombrio, perigoso e destrutivo. Eles eram considerados bárbaros, e “o gótico” era algo escuro e primitivo. Durante o Renascimento, os godos representaram o declínio cultural da Idade Média. O gótico é visto como o oposto direto da civilização antiga e os ideais clássicos da beleza.

O conflito entre o gótico eo clássico continua ao longo da história cultural do ocidente. Os ideais clássicos se fundamentam na clareza, razão, luz, leis e estruturas. Os ideais góticos são metafísicos e construídos de visões arcaicas, sonhos, trevas e sombras, inspiração e obsessão. Na tradição lírica, o classicismo é caracterizado por uma visão pragmática da poesia que enfatiza regras e habilidades práticas, enquanto o gótico se funde com uma visão metafísica da poesia em que o conteúdo é mais importante do que a forma. Na arquitetura, a palavra “gótico” tornou-se um termo pejorativo usado para descrever uma tradição de construção de igreja medieval. Primeiros exemplos disso são as catedrais de Colônia, Estrasburgo e Notre Dame, com seu estilo grandioso e pontiagudo.

Embora o estilo provavelmente se originou na França do século XII, foi pejorativamente chamado de “gótico” ou “alemão”. Com seu estilo pontudo, a tradição gótica do edifício foi associada à natureza selvagem ou indomada. Edifícios góticos foram comparados a pingentes de gelo, enormes árvores antigas e cavernas com estalactites e estalagmites. De acordo com a estética clássica, o gótico representava algo insípido e invadido, ameaçador e aterrorizante. Intelectuais alemães do século XVIII, como Herder e Goethe, reavaliarão mais tarde a estética gótica e a arquitetura gótica de uma maneira muito mais positiva.

No entanto, a tradição gótica permaneceu ligada à natureza selvagem e ao terrível. Durante o século XIX, o romantismo das ruínas estava ganhando prevalência em certos círculos artísticos. As representações resultantes incluíram elementos tais como sepulturas e túmulos e igrejas góticas cobertas de plantas, fundindo com natureza insdomável sob a lua cheia. Caspar David Friedrich e Arnold Böcklin foram dois dos principais representantes deste romantismo de ruínas. O gótico se relacionava com a idéia romântica do sublime. O sublime se referia a uma impressão grandiosa da mente que inspirava medo, mas também fascínio.

O estilo gótico também entrou na literatura. Os romances góticos ingleses fizeram referencia a um “terror entusiasmado”, e os ideais classicistas puros, estruturados e estruturados da luz foram evitados. Em vez disso, esses artistas procuraram a imagem de deuses, demônios, infernos, espíritos, almas, encantamentos, bruxaria, trovões, inundações, monstros, fogo, guerra, praga, fome e assim por diante. Acreditava-se que o temor Sublime era capaz de fornecer o homem um conhecimento sobre uma realidade maior que não poderia ser preso dentro dos limites da razão. Edmund Burke era um filósofo principal desta corrente, e as escritas literárias importantes incluíram os poemas de Edward Young “Pensamentos da noite” (1742) e de Robert Blair “a sepultura” (1743). As ruínas tornaram-se altamente populares como um elemento no paisagismo e surgiu a necessidade de construer ruínas novas e artificiais, já que as existentes não eram suficientes. A ruína simboliza o ciclo da natureza e como as forças da natureza e do caos acabam aniquilando ideais e construções humanas. Na Qabalah podemos reconhecer os princípios da ruína sob o nome Qliphoth.

A polarização entre o classicismo e o gótico representa a polarização entre a magia negra ea magia da luz. A magia da luz baseia-se na racionalização e numa idealização da razão. Tanto a Qabalah judaica como as formas “leves” da maçonaria se esforçam para estabelecer uma geometria sagrada a partir da qual o Templo de Jerusalém será reconstruído. Desta perspectiva, as forças escuras da ruína são naturalmente vistas como ameaçadoras. Em uma cosmovisão cabalística, são os poderes escuros e Qlifóticos que estão destruindo o Templo de Jerusalém. O Templo de Jerusalém é um símbolo do poder totalitário de Deus. O lado da luz representa generalizações matemáticas e geométricas; O lado negro representa os fractais eo elemento caótico da matemática do caos.

O classicismo se esforça para imitar uma natureza simplificada e controlada, com o jardim geometricamente projetado como um padrão. Para essa concepção da realidade, os ideais irracionais do gótico parecem uma expressão de mau gosto. Quando a visão para a natureza muda, quando o homem se torna consciente dos elementos de torção do crescimento selvagem e começa a explorar as fendas desabitadas e precipícios das montanhas, um respeito pelas qualidades estéticas da tradição gótica é recuperado. Os arquitetos do castelo abandonam então as estruturas geométricas clássicas a favor da irregularidade. As árvores disciplinadas tornam-se selvagens, o gramado se torna um campo, a piscina torna-se um lago eo caminho do jardim se torna uma trilha sinuosa para o filósofo pensativo, onde ele caminha sozinho e imerso em seus pensamentos melancólicos.

Esta visão da natureza está ligada aos ideais da corrente draconiana. O afastamento do que é podado e estruturado é um reconhecimento de que o caos está reconquistando o Jardim do Éden e que o Dragão acorda novamente. Enquanto o classicismo e os ideais da luz são orientados para as regras, a ordem eo coletivo, a tradição gótica se preocupa com o único: gênio, desvio e originalidade. Uma vez que o lado negro enfatiza o único, seus praticantes sempre correram o risco de perseguição, como ocorreu durante as várias histerias de caça as bruxas ao longo dos séculos.

Lord A:.  Recentemente você participou do “The International Left Hand Consortium” nos Estados Unidos.Conte um pouco sobre a palestra que apresentou lá e suas visão da importância de um evento assim para todo este contexto e as diversas espiritualidades que o integram.
Thomas Karlsson: 
Em primeiro lugar vou honrar aqueles que organizaram este Consotrium. eles estabeleceram um novo padrão de qualidade para a colaboração no meio do Caminho da Mão Esquerda. Eu era um dos palestrantes principais a apresentar o context de Lúcifer- Lilith e Leviathan. Minha palestra foi a respeito sobre a possibilidade em definer o Caminho da Mão Esquerda. Apresentei os seguintes pontos:

  1. Metodológico, mas o dualismo não é necessariamente essencial, (muitas vezes o oposto, como um monismo inerente), baseado na idéia alquímica e tântrica das polaridades geradoras do poder.
  2. . Ideia da “esquerda”, i. E. O divergente é o esotérico. Uma idéia muitas vezes combinada com a elevação do feminino, o escuro, o inferno, a lua, expulsos, caídos, foragidos e etc
  3. O “baixo” como a “usina de energia” latente para alcançar o “alto”, compare com o kundalini shakti como a força da transcendência, e o motivo do culto do mistério antigo de entrar no Inferno / o submundo para chegar ao Céu ou Paraíso (motive igualmente presente no Inferno de Dantes e etc). Um conceito comum na alquimia, onde a “prima materia” é o pré-requisito da “ultima materia”, e o chumbo de Saturno corresponde ao ouro do Sol. No misticismo cristão, é o significado de Cristo escarnecido e no xamanismo a importância da iniciação do Submundo. A Pedra é o espírito, o Dragão é Deus e assim por diante.
  4. Apoteose, mas com a reserva de que abaixo dos mais altos graus iniciais não podemos realmente saber o que isso significa, e o que a palavra “deus” denota exatamente.
  5. A sacralidade da periferia (da margem, do limiar), Caos, Tao, a Bruxa / Hagzissa viajando além das fronteiras etc.
  6. Antinomianismo, no sentido espiritual e filosófico: a) Definir as realidades extremas através das negações) ir contra o grão, estar ciente dos padrões inconscientes c) construir uma moral superior, libertando-se da simples moral social definida pela maioria (Um conceito realmente próximo do idealismo ético).
  7. Elevando Sofia, o conhecimento, a serpente do Éden como um aliado para o adepto, e basicamente o mesmo que Messias, o salvador (na Gematria 358). A natureza faustiana e prometéica do Caminho da Mão Esquerda.
Thomas Karlsson e Cristopher Johnson
Thomas Karlsson e Cristopher Johnson

Lord A:.  Como fã de longa data do seu trabalho não gostaria de encerrar tal entrevista sem elogiar vosso trabalho como letrista do THERION e dizer que algumas de suas participações modelaram positivamente muitos momentos da minha vida. Mas de todas aquelas músicas neste momento qual é a que você mais curtiu ter criado?
Thomas Karlsson: 
Therion
significa muito para mim também e eu gostei de escrever as letras. Tudo o que escrevo está ligado à Tradição Draconiana. É difícil para mim escolher, mas eu gosto muito desta letra e da música Draconian Trilogy do álbum VOVIN (*Dragão em Enoquiano!):

Red dragon from the first morning of time, Red dragon of ancient depths of the mind, Rise up from the abyss of ignorance, Coil into the existence of the blind. Morning star please bear your light, Through the day to next night. Fallen one who stole the spark, Bring it into the dark. O Typhon apep lothan O drakon Typhon apep lothan Morning star please bear your light, Through the day to next night. Fallen one who stole the spark, Bring it into the dark. Dragons of tomorrow flying to their babel of yesterday, They open the seal of Sorath and release the eleventh ray”.

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Lord A:. Recentemente você esteve na Ilha de Capri, na Itália falando sobre os mitos, a história deste lugar muito caro ao ocultismo e a magia como um todo. Compartilhe conosco um pouco destas histórias e sobre o evento que aconteceu por lá.
Thomas Karlsson: 
Capri é um conhecido ponto de encontro para as pessoas mais poderosas do mundo. Até o Imperador Augusto se mudou para lá e assim governar o império romano. Também foi um local de encontro de personagens sinistros e foragidos na história, sob rumores de Missas Negras acontecendo em sigilo nas Villas Aristocráticas. A ilha de Capri é um lugar de sonho, um limiar onde a terra e o oceano, noite e dia, mito e realidade se misturam. O médico sueco Axel Munthe descreve seu encontro com a figura de trajada de vermelho no início de seu livro História de San Michele. É uma condição central para a história. A figura é Mefistófeles e aparece ao longo da trama. Um motivo de contraste – Uma técnica de narrativa que cativa aos poucos o leitor: O Demônio das Trevas ajuda o Dr. Axel Munthe a construir seu Templo da Luz. Estive em Capri regularmente nos últimos dez anos e estou feliz em providenciar conferências na Villa San Michele, que é um das ”villas” mais exclusivas do mundo. Villa San Michele e toda a ilha de Capri vivem cercadas de lendas sobre Mefistófoles e rumores de missas negras.

Lord A:.  Ouvimos rumores de uma possível conferência por aqui no Brasil em 2017? Pode contar um pouco mais?
Thomas Karlsson: 
Sou casado com uma brasileira, tenho um profundo interesse na cultura multifacetada do Brasil e quero muito estreitar e fortalecer a conexão Escandinava-Brasil. Seu país é fascinante e de uma fervorosa espiritualidade. Sua Majestade, Sílvia, a Rainha da Suécia também é brasileira. Minha missão é trabalhar frequentemente entre o hemisfério norte e o hemisfério sul já que o Dragão está por toda parte. Eu vejo um crescente interesse e força por toda América do Sul, noto um potencial fantástico por vir nas manifestações Draconianas no Brasil e através da América do Sul.

 

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