Penny Dreadful: Algumas considerações…
“Comigo você contemplará maravilhas horríveis.” – Sir. Malcolm
De Possessões, Vampiros antigos egípcios com tatuagens de hieróglifos a estudos científicos. Dessa forma que Penny Dreadful começa o seriado. Para quem gostava do clima da série Drácula acrescente mais sangue e misticismo e diminua o glamour.
O Sir. Malcolm (Timothy Dalton) teve a filha raptada por um vampiro antigo. A Vanessa Ives (Eva Green) junto a ele contrata o ator Ethan Chandler (Josh Hartnett) com o passado misterioso para entrar no covil de vampiros. Por um último o Sir Malcolm chama um estudante de necropsia ( Victor F ) para estudar os corpos dos vampiros atrás de uma possível cura. A série é totalmente gótica desde sua obscuridade até a época que se passa, (século 19), o que nos faz querer saborear mais do gosto por sangue!
A série foi criada por Sam Mendes e John Logan, diretor e o roteirista de 007 – Operação Skyfall. E os dois primeiros episódios são dirigidos pelo Juan Antonio Bayona (O Orfanato). Logan criou o argumento e escreve o roteiro, além de ser produtor executivo ao lado de Mendes e Pippa Harris (Warriors, The Hollow Crown,Call the Midwife)
Para que gosta de shippar personagens a carta de tarô para Ives e Chandler é a The Lovers.O nome dá filha de Malcolm é Mina! Teria isso alguma coisa a ver com Drácula?!Digo mais um nome para ferver o sangue de vocês: Doutor Frankenstein.Cheio de frases de efeito o episódio piloto faz com que a vampirada queira provar o próximo. Palavras de nossa colaboradora Jess Fangbanger!
[dropcap ]P[/dropcap]ara os órfãos do seriado Dracula da NBC que não conseguiu uma segunda temporada, temos a soturna Penny Dreadful! O título pode ser traduzido como “centavo aterrorizante” que nomeava as publicações de terror que custavam o equivalente a 1 centavo ou “One penny” na inglaterra vitoriana. A série tem um tom de “Liga Extraordinária” reunindo personagens como Doutor Frankenstein, Dracula, Jack O Estripador e Drácula que em geral são confrontados pela misteriosa vidente interpretada pela atriz Eva Green e seus aliados. A série conta com uma produção milionária típica da HBO embora originalmente seja uma produção do canal Showtime e se inspira na fascinante literatura vitoriana ou ainda na segunda geração de românticos do “mal do século”.Foi confirmado que Penny Dreadful terá uma segunda temporada prevista para estrear em 2015 e que inclusive a série irá explorar outros cenários além da nevoenta Londres. Convidamos nosso correspondente Tony Sockol (Músico e criador do legendário Theatre des Vampires, La Commedial del Sangue – um dos principais e mais influentes criadores da cena Vamp alternativa dos EUA desde os anos noventa) diretamente dos Estados Unidos para tecer algumas impressões sobre a primeira temporada.
Tony aponta os vampiros como um dos pontos mais interessantes do final da temporada. Os mortos-vivos ou vampiros eram capazes de tratarem uns aos outros com empatia e compreensão. Tal empatia recorda os anjos caídos de Paraíso Perdido de John Milton – seres imortais que jamais cumprirão seus destinos supremos, pois estão fadados a viverem a sombra da humanidade privadas de suas misericórdia e também consideradas perdidas pelo seu criador. Além da graça de Deus, suas dores são amplificadas. Pequenos Sísifos a rolarem suas pedras que sempre retornam para o mesmo lugar quando próximas ao final da trilha…Enfim, compreensão e empatia são atributos inexistentes na figura do protagonista Sir Malcom; ainda que charmoso e viciante ele não tem empatia com seus aliados o que o posiciona quase como um sociopata. Pobre da Srta Ives que ainda vive sob a proteção dele na próxima temporada.
Outro apontamento interessante levantado nos diversos artigos de Tony é que o seriado cronológicamente existe na mesma época da fundação ou desenvolvimento das principais ordens e sociedades discretas. Seria interessante vermos Sir Malcom e sua trupe encontrando um jovem Aleister Crowley ou Madame Blavastky – de repente visitarem ainda uma sede da Golden Dawn e muitas outras possibilidades.Nosso correspondente também aponta que muito da trama de Penny Dreadful é uma re-leitura de Drácula de Bram Stocker o que inclui personagens homônimos e até mesmo a relação entre Srta Ives e a filha de Sir Malcom incontáveis vezes lembram a amizade de Mina e Lucy.
Sem dúvida a relação de Srta Ives se tornar a “Mãe de todo o Mal” se vier a dar a luz ao filho de Amun Rá ou o Mestre, recorda bastante o assédio de Drácula sobre Mina nos escritos de Stocker. A mulher moderna e que já provou das viscissitudes do mundo assombrada e perturbada pelo poder do sobrenatural que acaba se envolvendo emocionalmente e sendo arrastada pelo mesmo buscando sua redenção. Uma luz em meio a escuridão do mundo, mas também irresistível para mariposas ou entes sobrenaturais. Em Penny Dreadful todos carregam um mal inegável em seus corações que pode vir a explodir a qualquer instante.
Claro ainda há a trama paralela do criador Frankenstein e suas criaturas (o bom doutor adorava ressucitar cadáveres com partes de outros seres); temos ainda Dorian Gray e o pistoleiro norte-americano e muitas outras histórias interessantes acontecendo o tempo todo. A primeira temporada é de uma beleza plástica inegável, uma produção extremamente cuidadosa e certamente uma viagem inigualável através dos tempos vitorianos sem maquiagem ou arrebatamentos operísticos. Dá gosto ver que seriados como True Blood e mesmo o juveníl The Vampire Diaries conseguiram manter o canone vampiresco acessível e fideligno mesmo durante a estupidez da febre purpurinada de Crepúsculo; e agora séries mais maduras e interessantes como Dracula da NBC, Um Drink no Inferno e Hemlock Grove da Netflix, The Strain da F/X e Penny Dreadful podem reconquistar e re-afirmar o canone do gênero novamente para os saudosos de boas histórias Vamps e apresentar o contexto as novas gerações de maneira apropriada!
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