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Horror Cósmico e Misericórdia, Lovecraft e suas implicações...

HORROR CÓSMICO E MISERICÓRDIA: PONDÉ FALA SOBRE LOVECRAFT

Lord A no Programa Linhas Cruzadas em 2021

HORROR CÓSMICO E MISERICÓRDIA: PONDÉ FALA SOBRE LOVECRAFT – O filósofo Luis Felipe Pondé é muitas vezes comentado como o Schopenhauer brasileiro. Particularmente é um nobre amigo e que acompanho a obra desde 2016 mais ou menos e desde então proseamos bastante. Tudo começou com seu convite para que eu participasse de alguns eventos sobre novas espiritualidades na Faap (Faculdade Armando Alvares Penteado, no Pacaembu, em São Paulo). Quando um filósofo diz que vampiros são elegantes e não melancólicos, é melhor escutarmos e atendermos ao convite.

Logo depois da edição de 2019 da Carmilla Noite de Gala Sombria ao seu convite e da coordenadora Andréa Kogan participei de um evento na PUC/SP organizado pelo LABÔ sobre as novas espiritualidades, onde arrastei o brother Marcelo Del Debbio, assista e relembre aqui. Vampyrismo e hermetismo renderam um ótimo papo. No entanto, a agenda do Pondé não lhe permitiu estar conosco naquela noite.

Depois veio a pandemia, e ele nos visitou na Rede Vamp de maneira online e também visitamos seu podcast na época, vocês encontram nossos diálogos nas redes sociais ainda em 2020 neste outro link. Ao longo desta postagem compartilho os videos dos nossos papos mais recentes.

Horror Cósmico e Misericórdia, Lovecraft e suas implicações

O Filósofo Luis Felipe Pondé e sua esposa Danit visitam Lord A e Rainha Xendra Sahjaza na Carmilla Noite de Gala Sombria em 2022


Meus nobres amigos e amigas, nesta manhã me vi refletindo nas minhas anotações sobre uma aula incrível que assisti no seminário do meu nobre amigo Luiz Felipe Pondé na última semana, o tema naturalmente era sobre o Horror Cósmico e a Misericórdia e o primeiro encontro foi sobre Lovecraft (se você não o conhece, assista este video):


“(…)Lovecraft acertou na sua visão de misericórdia como a incapacidade cognitiva humana de correlacionar e entender uma visão maior do amplo espectro de nossa realidade (seja histórica ou natural) enquanto vivos. Ele também remove um personagem central ou confiável como narrador de sua narrativa cósmica a tornando acósmica. Relaxe vamos falar disso adiante.

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E estes são pontos altos da sua obra sistêmica e sistemática de Lovecraft, talvez o primeiro grande universo compartilhado da literatura de terror. E que reluz, inspira e influencia a gente até hoje. Para o ocultista britânico Kenneth Grant, Lovecraft descrevia através da moralidade aquilo que Aleister Crowley o fazia amoralmente e inevitavelmente extático. Todos eles acertavam no mistério do silêncio e da incapacidade de abraçar ou entender o todo.

Resta ao horror cósmico se mostrar conforme somos acometidos em avançarmos por “Hybriis” ou ganância neste grande além; é quando somos visitados (e surtamos) pelos criadores do mesmo, você sabe “Os Grandes Antigos” e os “Deuses Exteriores” e seus servos. Todos “Eles” que não aceitam (muito bem) descendentes ou resultados e consequências de suas experiências tão parvos como todos nós enquanto espécie. É assim nas páginas dos seus contos e nas adaptações e obras influenciadas por seus escritos.

Humanos e cristãos europeus por outro lado inventam malabarismos e acrobacias para cercarem Deus como só Amor e evitarem que seja o “todo” ou “tudo” na sua textualidade. O que complica bastante as coisas para os vivos e dá um destaque maior ao diabo e outros artifícios, do que as outras duas vertentes abraâmicas. Estas que pegaram muito melhor a ideia sobre Deus ser todo e o tudo – não apenas e exclusivamente o amor.


Ainda assim tivemos os Gnósticos, sempre eles, e estes sacaram que o papo do sagrado ou Deus como “é só amor” era coisa de um demiurgo, uma conclusão no mínimo sofisticada da parte dos gnósticos. Eles notavam como a realidade empírica era uma outra coisa que não era só “amor- era “something else”.


Infelizmente neste “acosmismo” gnóstico, confiança e respirar não eram facilmente incluídos no princípio/arché e tampouco na finalidade/tellus – e essa dupla polaridade deveria ser mais considerada no cotidiano da gente – e apesar de sofisticada no final do dia, talvez só queiramos abraçar nossos viés e o que podemos confiar. Nossas escolhas são mais irracionais do que gostáriamos, falo disso nos podcasts da Vox Vampyrica. Devaneios me vem neste tema.

Lord A, Pondé e Andrea Kogan no evento do Labô em 2023


Tal horror cósmico de Lovecraft reside nas infinitas e vastas lacunas do espectro da realidade que em vão preenchemos com nossos “viés” e “enviesamentos” pela simples ausência ou capacidade de elencarmos sua pluralidade e múltiplos aspectos. Nenhum de nós, nem os maiores especialistas conseguem elencar isso – o desconhecimento do que rola no tempo e no espaço, bem como os segundos de silêncio antes de grandes decisões é bem assim – e sim isso queima a rotina e a retina de todos pois é algo que invariavelmente está muito mais atrelado a irracionalidade e o indomável do que jamais gostariamos que fosse.


Enquanto isso me apego a ideia de misericórdia lovecraftiana diante do horror cósmico. Enquanto vivos, afinal, não estamos e nunca estivemos com essa bola toda – e nossa existência não fecha essa conta onde os pílares e pólos são tão ou mais distantes para alcançarmos verdadeiramente do que uma jornada na terra dos sonhos. (…)” assim concluía a parte que posso compartilhar de minhas anotações e marcadores.

Pondé no Acesso Rede Vamp em 2021

Enquanto passava a limpo meus esquemas e anotações da aula, certas ideias me atravessaram sobre o tema, sendo deselegante não incluir outras vozes a esta postagem:

Sobre o tudo e o todo em referência ao Deus encapsulado nos textos como narrador do cosmos é preciso considerar sua magnanimidade de entregar a criação o rumo dado – seja aos que oram com mãos para o alto ou aqueles que inventam câmaras de gás – como diria Heschel. O embate entre ambos os tipos se dá na figura profética o que rende um diálogo para o qual não tenho repertório ou paciência (ainda). Particularmente não sou signatário destes livros e textos sobre Deus – e penso que tudo que pode ser dito sobre Ele não corresponde ao que venha a ser. Portanto, nada tenho de útil a dizer sobre seus agentes por procuração e terceirizados. Quem rege o alto, rege o baixo e é isso – o que diferencia é apenas nosso olhar, razões e corações limitados e limítrofes. Os monstros vem no sono da razão e o que realmente importa é cardíaco, para incluir uma menção ao Bardo Thödol. Ir além deste ponto seria indelicado da minha parte.

Pode ser que a fé apenas possa vir a ser apenas depois de abraçarmos nossa própria angústia, sua frustração, sentimento de perdido no abismo e no deserto. Visto que a expressão da mesma é avessa a certeza, a convicção absoluta e a ideia fixa na prática. Ela vem depois que deixamos de se esconder na estética, na política, na ética ou na religião. Primum móbile de Aristóteles me é caro ao pensar em Deus. Embora, para mim Deus é um Dragão no final das contas (A Deusa é o Dragão e segura a taça e os destinos como concluo no livro homônimo), você pode ler meu livro na Amazon.

Lord A no Programa Linhas Cruzadas em 2021

Abraham Joshua Heschel foi um rabino, filósofo, e ativista dos direitos civis. Ele era um amigo de Martin Luther King, Jr., com quem ele trabalhava contra racismo. Era um tipo interessante, gostaria de tê-lo conhecido. Nos seus trabalhos há um seminário sobre o “Romantismo” simplesmente sensacional que inspirou muitas edições e minha visão sobre o contexto lá na Vox Vampyrica Podcast. Descobri seus trabalhosm, tal como os de Hanah Arendt graças ao pessoal do LABÔ no seu site Offlates – https://offlattes.com/ e a famosa edição sobre Lúcifer e o Sermão da Montanha, foi um collab sobre o texto do Andrei Venturini do Labô. Então fica aqui registrado nosso carinho e saudação a nobre amiga Andréa Kogan (entrevistada na Vox Vampyrica), coordenadora do Labô por toda esta amizade e compromisso em levar o conhecimento a todos.

No dia anterior ao seminário foi o aniversário de morte de HP Lovecraft, penso que foi uma sincronicidade curiosa e interessante de relembrar o cavalheiro de Providence e sua obra. Fato que passou batido por mim e meu nobre amigo na ocasião. Mas aqui é a Rede Vamp e registramos tais peculiaridades.

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