Flores Mortais e RPG
Quem acompanha meus artigos já sabe que eu gosto muito de ambientar minhas crônicas no Brasil, justamente por me conceder uma liberdade na elaboração da estrutura política vampírica local (o pouco material oficial sobre a região tem suas vantagens), mas de onde tirar informação para melhorar a ambientação? A resposta é simples, a literatura nacional sobre vampiros.
Em se tratando de literatura nacional, especificamente sobre vampiros (e seres fantásticos no geral) algumas pessoas torcem o nariz ou se sentem restritas por não terem ouvido falar dos autores nacionais atuais. Sério, o Brasil é bem mais que Machado de Assis e Paulo Coelho. Existe todo um mundo literário que vai além dos autores de autoajuda e os clássicos para os vestibulares (indico os clássicos para ambientação em crônicas brasileiras de época). Existe toda uma frota de autores de terror e fantasia que estão esperando que gente como nós, jogadores de RPG que tem uma cabeça mais aberta para conteúdo cultural, os encontrem e apoiem seu trabalho que é tão rico, se não até mais que os de alguns escritores internacionais.
Ok, essa é uma série nova. Eu não costumo e nem gosto de fazer resenhas de livros pois eu não sou um especialista em literatura, mas aqui vai a minha impressão sobre um título muito bacana de uma autora com fortes influências da Anciã da literatura romântica vampírica Anne Rice, estou falando do livro Flores Mortais da autora Giulia Moon.
Caro leitor, se você fuçar um pouco neste singelo blog vai encontrar outros artigos mais informativos sobre a Giulia, eu aqui irei falar do quão legal é ler esse livro para ter ideias para uma crônica.
Flores Mortais é um livro de contos sobre vampirAs, sim, só mulheres. Se você curte essa vibe de empoderamento feminino fica a dica. Nada de donzelas indefesas, o negócio aqui são personagens profundas que lidam com as adversidades da imortalidade do seu próprio jeito como qualquer vampiro (que não reluz no sol) deveria fazer. Elas te deixam com vontade de saber mais sobre cada uma e caem como uma luva em qualquer crônica.
São 8 contos, sendo 2 divididos em partes por serem mais longos.
Se você tem experiência com VtM vai bater o olho e classificar as vampiras por clã fácil fácil.
Destacarei dois dos meus contos favoritos, Maya e Dragões tatuados.
Maya, ah Maya. Em linguagem do cenário VtM, ela é uma Toreadora típica. Julga tudo e todos com base no seu (bom) gosto, o mundo dos imortais é entediante para ela e os mortais são felizes passatempos. De longe o ponto mais interessante é a interação dela com seu mordomo (Stephen), um mortal que é o sonho de consumo de qualquer vampiro (ou ser humano). Sério, depois de ler o conto é impossível não imaginar como a vida seria mais fácil se cada um tivesse um Stephen em casa. O conto se passa em New York, acaba que pode ser uma personagem interessante para uma crônica clássica na grande maçã.
Dragões tatuados traz um conto breve sobre a Kaori, uma vampira adolescente oriental e cortesã (prostituta). Kaori é apaixonante e pra minha sorte (e dos outros fãs da autora) é a personagem dela com mais livros, são eles: Kaoria: Perfume de vampira, Kaoria e o Samurai Sem Braço e Kaoria 2: Coração de vampira. Nesses outros títulos é contada toda a trajetória da vampira desde seu abraço até os tempos atuais (cerca de uns 400 anos) e outras muitas aventuras que ela vive nesse mundo sombrio, tem até uma agência brasileira de observação de seres sobrenaturais. No conto por outro lado só temos um gostinho do que será melhor contado nos livros. Uma linha sedutora proíbida que a vampira usa é muito interessante pra quem gosta de contos mais sensuais.
Nem todas as vampiras dos contos são delicadas e manipuladoras, algumas são mais físicas, outras são ferais, tem pra todo o gosto. Eu diria que Flores Mortais é um título excelente para quem não tem saco para livros longos ou que quer experimentar a literatura vampírica nacional (sim, ela existe).
Mas e os pontos negativos? Como eu disse, Giulia Moon tem grande influência da Anne Rice, então os contos são romantizados e a ação é muito pontual, não é um livro de pancadaria, é um livro com mistério e sensualidade, ainda que tenha cenas de ação e uma ou outra luta que até empolga, mas não é um ponto forte.
É uma obra consistente e uma excelente fonte de ideias para crônicas.
Já imaginou ter a Kaori ou a Maya em suas crônicas?
Até a próxima e bons sonhos
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