Você pode não acreditar mas a figura de um imortal, bebedor de Sangue ou energia vital, que assombra ou abençoa comunidades e dotado de estranhos dons expressos na magia ou espiritualidade é o que podemos chamar de patrimônio não material do imaginário humano. Mas é bem verdade que no Brasil existe muita gente que pensa no vampiro como algo importado, estrangeiro e que até mesmo desvaloriza sua estética e produção cultural desenvolvida por aqui.
Alguns até querem invalidar sua função arquetípica ou na espiritualidade partindo destes mesmos pressupostos. Típico ranço de idiota latino americano ávido por defender o folclore nacional da cartilha que aprendeu com o governo tal e a ideologia política que foi doutrinado – e assume como a única verdade e o exclusivo detentor de sua posse (nós chamamos quem agem assim de fanático!). Inclusive o vampiro é algo pré-moderno, uma antropologia do imaginário ou do folclore assim como muitos outros seres fantásticos que o materialismo histórico dialético vulgariza por não poder compreender.
Só no Brasil já são mais de 172 anos de livros, poesias e os 60 mais recentes de peças teatrais, filmes, novelas, quadrinhos e etcs. A contagem se inicia com a publicação de Olavo e Branca ou a Maldição Materna lá em 1845 mais ou menos (falamos destes primeiros vampiros brasileiros, aqui) Cinco décadas antes do escritor irlandês Bram Stoker publicar o célebre romances Drácula os vampiros já circulavam não só no velho mundo europeu e o Brasil já tinha seus personagens Vamps atuando por aí.
Se por ventura especularmos a presença dos xamãs trajados como morcegos, sacrifícios de sangue para aplacarem o El Ninõ nas cordilheiras e deidades de caninos alongados esculpidas nos templos e lugares sagrados das culturas pré-colombianas a coisa se torna bem mais antiga. Nossos leitores romenos, transilvanicos e valaquianos que nos perdoem, mas a terra dos vampiros está aqui na América do Sul e na América Central. Onde mais a fauna pode comportar tantos morcegos vampiros e a espiritualidade tantas deídades murciélagas como Moxica, Camazots, Exú Morcego e tantos outros? Em Nova Iorque, quem sabe? Moscou? Pequim? Não, é aqui mesmo.
Alguns artigos indispensáveis sobre os 172 Anos de Produção Cultural Vampiresca no Brasil, publicados na REDE VAMP: