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De símbolos e estátuas que falam

[dropcap ]E[/dropcap]xiste um axioma mágicko atribuído ao célebre Aleister Crowley que afirma todo ato intencional como ato mágicko. Símbolos ou aqueles que agregam – seja formas, palavras, rótulos ou suportes – são ferramentas interessantes que iremos explorar nesta  crônica.

Assumindo magia como a arte de modelar a realidade segundo aquilo que lhe for transparente. Mude a perspectiva ou o seu paradigma e transforme a foma como você vê e como age perante alguma situação. Até aqui nada de novo para ser aprendido apenas para ser praticado e vivenciado, o que atrai alguma sabedoria e uma personalidade mais equilibrada. Infelizmente ainda são poucos que vivenciam tal arte, mas temos sido bem sucedidos na produção de artigos, eventos e programas de webradio dedicados a eles para agregar e reunir tais afins e do “Sangue”. Logo, estabelecemos muitos símbolos que se tornam funcionais por espelharem e encontrarem ressonância entre tantos de vocês.Feitiçaria, quem sabe?

Axiomas são mais usados como frases de efeito e publicidade pessoal pautada em assumir autoridade e alguma arbitrariedade no tema perante terceiros. Isto leva ao dogma, idealizações e shows de auditório ou de mensuração da popularidade pessoal nas redes sociais. Também empobrece culturalmente a maior parte das páginas e comunidades brasileiras de redes sociais dedicadas aos Vamps – visto que o povo sequer concede aos autores das tais frases ou suas obras o merecido crédito. Pensam que citar a fonte lhes rouba o suposto poder – quando na verdade o consolidaria. Talvez o termo “a besta interior” combine perfeitamente com tais pessoas, visto que *podemos fazer belos origamis com o papel de trouxa aos quais se expõem por aí. Vamps tem mais a ver com o “banquete de Platão” – universais e arquétipos são particularmente caros aos vamps mais habilidosos – do que nas mãos dos Hamsters ensandecidos correndo sem sair do lugar na roda de Samsara dos hindús.

Existe um correlato interessante entre a Cosmovisão Vampyrica e o Voodoo haitiano, ambos se apropriam de imagens e símbolos desvinculados dos contextos aos são originalmente associados culturalmente e religiosamente. Só que diferente da “Kaos Magick” e suas vertentes há uma fundamentação ou orientação sublime nesta prática – porque não dizer espiritual. E podemos inferir sem erros que tal detalhe comprova sua funcionalidade. Símbolos e imagens são usados como portas transcendentes de troca e escambo entre os reinos. A qualidade do que será desenvolvido é determinada pela lei da afinidade e o grau de habilidade entre os envolvidos. Inexisitindo tais fatores, teremos apenas a chamada “persona mágicka” ou algum delírio ou muleta de ego do caminhante. E isso é uma questão pessoal de cada um.

“Não há problemas em falar com o invisível através de símbolos – o que preocupa apenas é a qualidade da resposta – bem como o grau de acerto – e o que alguém decidirá fazer com o que escutar.”

Quem já ouviu falar das estátuas de barro dos santos furados lá das cidades históricas de Minas Gerais que dentro delas são investidas correspondências naturais, óleos e afins para que a mesma possa ser magnetizada através de oração e usada de forma não ordinária, sabe do que falo. Inclusive confio mais no que algumas simpáticas velhinhas fazem nessas igrejas e casas de oração de lá do que nas insanidades de garotos de camiseta preta do por aí da vida. Achar o “poente” ou o meio-tom que permite a porosidade e interação entre aquilo que há na imagem e a natureza perene é o desafio neste ponto da “Arte” – ou seja o uso de símbolos que estabelecem pontes entre os reinos.  Aqui no REDE VAMP exploramos a questão no artigo sobre a história oculta do filme Nosferatu de 1922 e também no artigo sobre as bonecas de porcelana assombradas.

Sem nenhuma demagogia já ví muita imagem de santo usada para fazer coisas ruíns assim como já ví imagens de demônios – ou seres fantásticos da cultura pop – empregados em causas nobres e válidas. Como tudo na vida o determinante fica ao cargo da fundamentação, habilidade e correspondência do caminhante e sua capacidade de bancar o preço daquilo que escolheu emanar, cristalizar e realizar – através dos símbolos que escolher empregar em seu caminho.

*A frase sobre “fazer origamis com o papel de trouxa” foi originalmente usada pelo amigo Max Candido co-organizador e co-criador do nosso Sarau Mistérios da Meia Noite e ilustra com maestria o contexto.

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