Aeon Sable, entrevista exclusiva
Descobri a banda germânica Aeon Sable naquelas postagens que surgem aleatoriamente na linha do tempo do Facebook, disparada originalmente pelo selo Gothic Music lá do norte da Europa. “Era da escuridão” ou “idade das trevas”, para alguém que encara o termo como sinônimo da vastidão sideral ou que ainda curte as nuances da “psiconáutica” era um prato cheio! Lá estava eu no “bandcamp” deles, conhecendo seu trabalho iniciado ainda em 2010 na Alemanha. O som deles rapidamente ganhou lugar no programa “Vox Vampyrica” e aos poucos nos meus djsets no “Fangxtasy” onde tenho a oportunidade de incluir bandas mais recentes que atendem a “sede” de novidades do público de lá. Mais ou menos na mesma época minha amiga Kell Kill (Dj e produtora, lá de Brasília) também compartilhou a imagem de um pôster da banda com uma mandala em degrade contrastando com o saturnino fundo negro, acompanhada pelos evocativos dizeres:
“Eternamente sou o andarilho que caminha em círculos, ao redor dos teus nomes – Lilith”
Fascinante! Aeon Sable tem aquele estilo singular que eles nomeiam como Dark Rock mas que os fãs de Fields of Nephilim, Angels of Liberty (que inclusive gravaram um cover bacana de Monster In Me), Garden of Delight (ou do seu desdobramento mais recente como) Merciful Nuns (que também está na Solar Lodge, atual gravadora e “distro” do A.S) – são rapidamente fazem as pessoa irem até o Dj e perguntarem que banda é aquela… Aproveitei uma brecha na agenda dos integrantes Din-Tah Aeon e Nino para realizarmos a entrevista que segue:
Apresente a banda Aeon Sable para nossa audiência.Dizem que o nome significa idade das trevas, é isso mesmo?
A.S:- Sobre o Aeon Sable, dizemos que somos um tipo de dark rock. Muitos categorizam a música do Aeon Sable como gothic rock, mas chamamos apenas de dark rock. Possuímos algumas raízes no gothic rock e outras no black metal, então não sentimos como gothic, mas sim como dark rock. Com relação ao significado, Aeon Sable é algo como Idade das Trevas, então nos vemos como artistas trabalhando em uma trilha sonora para a idade das trevas. Para todos passando por um período sombrio em suas vidas deste mundo sóbrio… e estamos vivendo em um.
Quais foram suas impressões em trabalharem com financiamento coletivo(crowdfunding) para lançarem um dos seus álbuns?
A.S:Com relação ao financiamento coletivo, concluímos com um certo returno. Foi feito para um álbum, em um período onde isto estava começando a funcionar. Tivemos boas experiências, permite ao artista uma chance de desenvolver um álbum sem muito dinheiro. Não tenho certeza se é um modelo para o futuro, mas certamente é uma boa maneira de começar. Mas depois, com um bom trabalho, boa equipe promocional e afins, não sei se é possível. Pois existe sempre a questão dos direitos autorais, e sempre existe alguém tentando um pedaço do bolo. Penso então que mais para frente deva ser mais difícil, mas para começar, o financiamento coletivo é uma boa coisa.
Sobre as belas mandalas e sígilos que aparecem no design dos posters, álbuns e encartes, vocês apreciam a tradição oculta do ocidente ou ainda a psiconáutica na atmosfera de suas canções e artes?
A.S:Quando se refere ao design, é realmente algo tão importante quanto a música. Como alguns devem saber, fazemos todos os nossos produtos. Não temos uma equipe gráfica, ou pagamos outros para fazer, é tudo caseiro. Tentamos encontrar o espírito da música e converter tudo em imagens. Então você possui uma arte realmente complexa quando compra os álbuns do Aeon Sable. Claro que existe o download, mas não é o mesmo de ter o CD em suas mãos. Sobre todos os sigilos, sinais e afins, não são tirados da internet ou de livros antigos. São planejados e desenhados para cada álbum.
Vampiros (como aquelas vistas no clipe Visions) é um tema caro a vocês?Existe algum filme, ou escritor favorito do gênero vampiresco para o Aeon Sable?
A.S:Não somos realmente grandes fãs, não nos vestimos ou vamos a festas como vampiros. Consideramos desenvolvemos as visões das músicas que poderiam se encaixar nos planos de fazer um videoclipe relacionado a vampiros. Pois somos altamente inspirados pelo filme “Only Lovers Left Alive” (Amantes Eternos), e gostaríamos de fazer uma história neste sentido. E o mais engraçado é que ao tentarmos, não encontramos nenhum rapaz querendo participar, apenas garotas. Então optamos por filmar um tipo história sobre amor lésbico. Quanto a escritores e filmes favoritos, não possuímos nenhum. Como já disse, usamos “Only Lovers Left Alive” como uma inspiração, mas não curtimos muito filmes de vampiros.
“Eternamente sou o andarilho que caminha em círculos, ao redor dos teus nomes – Lilith” ví este trecho em uma de suas músicas e no bélissimo poster promocional da banda…quais suas conexões com o idioma português?Já viveu em Portugal?Já ouviu falar da bela e alquímica mansão conhecida como Quinta das Regaleiras?
A.S:Sobre “A Serpente e o Andarilho”, este foi um dos sons mais sofisticado do último álbum. Realmente trabalhamos duro nas letras e música. Este é um tipo de letra que pode ser analisada de muitas maneiras, e um de nossos objetos foi produzir uma faixa maravilhosa. Nunca fizemos isso antes e acho que nunca tivemos algo assim antes. Sobre o idioma usado, o português foi por eu ter morado lá por muitos anos, gosto da língua, possui uma certa fluência, melodia. Muitas vezes o português é algo melancólico, depressivo, e gosto tanto que optei por convertei as letras para o português. E não, nunca visitei a “Quinta da Regaleira”, me desculpe mas tive que pesquisar sobre. Agora que conheço, quero visitar.
A “Serpente e o Andarilho” é uma canção singular e com a letra em português, por favor nos conte um pouco mais sobra esta música… alguma coisa nela me recordou o arcano do eremita do Tarô…
A.S: É um pouco difícil falar sobre o álbum, pois faz parte de um processo. Você deve imaginar que estamos trabalhando em uma imensa expressão artística, um grande quadro. Todo álbum lançado é apenas um ponto, ou linha, nesta grande construção. Então todos se encaixam, não acredito que possamos falar só de um ou outro, pois para nós todos são parte desta grande expressão artística. Com certeza os novos álbuns incluem mais conhecimento e experiências, como técnicas de gravação, tudo é mais sofisticado. Mas em termos de expressão artística, estamos no mesmo nível. Claro que crescemos, nosso primeiro álbum “Per Aspera Ad Astra”, inclui algumas expressões infantis. Porém em um longo período, tudo faz parte de uma grande peça de arte, um grande quadro.
Gótico é um estado de espírito muito mais do que a idéia estranha de uma subcultura homegenizada? Como vocês lidam com os exageros que as pessoas tentam rotular forçosamente uma banda dentro de um gênero?Você considera o Aeon Sable uma banda de Ocult PostGoth ou OcultGothic Rock?
A.S:Para nós, o gótico é mais como um estilo de vida do que música ou roupas. Como dissemos antes, nossas raízes estão no gothic rock dos anos 80 e 90, que em nossa opinião era menos homogêneo que o atual. O que não significa que deixem de surgir novidades com qualidade. Esta é a nossa opinião, em um universo de problemas, tudo é calculado, como estratégias de marketing para vender e ser ouvido. Temos sorte pois as pessoas parecem gostar do que fazemos, não nos preocupamos com isso. O termo Ocult Post Gothic Rock se encaixa em nossa banda muito bem, mas como dito antes, preferimos dark rock. Desde sentimos nossa música conectada ao gótico, mas não limitado por ele.
Contem algumas histórias sobre as letras e músicas dos álbuns Per Aspera ad Astra, Saturn Return e Visionaers.
A.S: Nossas letras são quase totalmente baseadas em sexo, drogas e mundo pós-apocalípticos. Não escrevemos sobre política ou problemas sociais. Existem outras bandas que podem fazer isso muito melhor que nós. Usamos nossa música para escapar da realidade de todos os dias, então escrevemos inspirados por nossas vidas combinadas com o mundo próprio do Aeon Sable.
O espaço a seguir é totalmente de vocês!Deixem uma mensagem para nossa audiência!
A.S: Quero agradecer a vocês pela possibilidade de termos esta entrevista. Obrigado a todos os fãs brasileiros que temos, sabemos que são muitos. Alguns estão esperando para nos ver ao vivo, então nos faça um favor, pois queremos tocar no Brasil. Apenas converse com as pessoas, mostre nossa música, não sei como. Grave algumas músicas em CDs e dê para seus amigos, não nos importamos, contanto que queira contar a todos sobre nós. Converse com organizadores, diga que querem nos ver no Brasil, fale para seu DJ, apenas espalhe a palavra. Não estamos fazendo isso por dinheiro, nem pela fama, se está conosco, então estaremos nos divertindo.
Se você gostou da entrevista com o Aeon Sable, não deixe de conferir agora os álbuns deles: Visionaers e Saturn Return em nossa loja eletrônica no Emporium Vamp! Lá também temos camisetas, posters e merchandise importado e autorizado da banda! E se tiver vontade de participar de um crowdfunding para trazer a banda ao Brasil em nossos eventos comente abaixo!Particularmente, nós do REDE VAMP iríamos adorar produzir ou co-produzir um evento com o Aeon Sable e quem sabe o Inkubus Sukkubus e o Deathstars com abertura feita pelo DarkAmbient do Ciberpajé e seu PostHumanTantra…
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