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A Quartenidade e os seus mistérios

Durante a edição do Passeio São Paulo Maldita sobre “Arte Tumular” tive a oportunidade de levar um papo muito legal com o psicólogo Fabio Barassino – quando observámos imagens de trindades e o quarto ponto oculto – ou seja o observador, a testemunha ou simplesmente a gente.As idéias desta breve conversa espreitaram meu imaginário por alguns dias.Naveguei por entrelinhas dos três principais elementos alquímicos (Sal, Mercúrio e Enxofre), por trindades teísticas (Deus, Filho e Espírito Santo) ou mesmo pagãs como Thor, Odin e Frey (ou/e Freyja?) dos nórdicos – bem como também os famosos quatro elementos filosóficos… Sob um prisma ligado ao que chamo de sabedoria perene ou até de pensar pré-moderno observo a relevância de um quartenário sagrado – os heréticos Bogomilos (que influenciaram toda bruxaria e o atributo pagão enquanto mistério nas terras da Romênia, Hungria, Sérvia e arredóres que o digam) o quartenário sagrado seria portanto aquilo que nasce da carne e que respira – vem da mulher e por extensão da Terra – o humano por excelência. Tanto a mulher como a guardião dos ciclos sagrados, quanto a Terra como o espaço onde o sagrado fogo é domado e a perfeita natureza torna-se a professora – ganham um aspecto não ordinário e muito relevante para quem aprecia temas ligados a Cosmovisão Vampyrica e também aos assuntos abordados ao longo deste portal. Convido vocês a leitura deste belo artigo do psicólogo Fabio B. Barassino!(Lord A:.)
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Um artigo do psicólogo Fabio B. Barassino

O psicólogo suíço Carl Gustav Jung (1875-1961) conceitua a Quaternidade como a representação numérica mínima da diferenciação e integração das partes de uma totalidade, ou seja, um pressuposto lógico de qualquer julgamento de totalidade.

Inúmeros exemplos podem ser vistos ao longo da história humana como, por exemplo, os quatro pontos cardeais que devem ser levados em conta para que possamos compreender a totalidade do horizonte ou até os quatro ciclos de temperatura (as quatro estações do ano) a cada volta completa que nosso planeta faz ao redor do Sol.

Os símbolos da Quaternidade e mesmo os da trindade aparecem muito em sonhos sem, necessariamente ter um aspecto místico ou religioso. Para Jung o símbolo era a melhor representação possível de alguma coisa que jamais poderá ser conhecida plenamente. Muitos símbolos da trindade possuem um quarto elemento inconsciente e este quarto elemento é que torna a totalidade possível.

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Como exemplo vamos dar uma olhada no símbolo da trindade cristã (o pai, o filho e o espírito santo). Neste caso específico, segundo Jung em seu livro Psicologia e Religião, a fórmula ortodoxa cristã está incompleta por falta a trindade o aspecto dogmático do princípio do mal sob a forma do demônio. A igreja, ao que parece, não exclui uma relação interna do demônio com a trindade. Segundo Jung os antigos filósofos da natureza representavam a trindade como os três, asomata, spiritus ou volatiliza, ou seja, água, ar e fogo. A quarta parte integrante era o somaton, a terra (o corpo) e eles simbolizavam por meio da Virgem. Desta maneira acrescentaram o elemento feminino à sua trindade física, que era constituído apenas de elementos masculinos, criando assim a Quaternidade, ou o círculo quadrado, cujo símbolo era o Rebis hermafrodita, o filius sapientiae (o filho da sabedoria).

Mesmo que, em alguns símbolos e sonhos, não aparecem a Quaternidade em seu total ou uma trindade com um quarto elemento oculto (inconsciente) podemos perceber os múltiplos de quatro que também são símbolos de totalidade. Podemos encontrar muitos deles, por exemplo, na mitologia. Aqui um exemplo de mitologia grega os múltiplos de quatro aparecem como os deuses olimpianos. Apesar de serem quatorze deuses (Zeus, Hades, Poseidon, Hera, Deméter, Héstia, Afrodite, Apolo, Ares, Ártemis, Athena, Dionísio, Hefesto e Hermes) Hades não fica no Olimpo, sendo a sua morada no mundo inferior (mundo dos mortos) e, segundo a mitologia, Héstia cedeu seu lugar para Dionísio, portanto os 12 deuses olimpianos dispõem-se sentados num círculo e comandam o mundo dos humanos do monte Olimpo.

Para quem ficou interessado em saber um pouco mais da psicologia analítica (junguiana) recomendo o livro de Robert H. Hopcke “Guia para a Obra Completa de C. G. Jung” onde poderá encontrar as teorias e hipóteses gerais de sua carreira. Para se aprofundar um pouco mais sobre o assunto da Quaternidade e trindade, recomendo “Psicologia e Religião” de C. G. Jung, volume 11/1 das Obras Completas e “O Segredo da Flor de Ouro – Um Livro de Vida Chinês” de C. G. Jung e R. Wilhelm.

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Referências

HOPCKE, R. H. Guia para a Obra Completa de C. G. Jung. Editora Vozes. Rio de Janeiro, 2011.
JUNG, C. G. Psicologia e Religião. Obras completas, volume 11/1. Editora Vozes, Rio de Janeiro, 2012

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Publicado sob autorização do autor.

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