A Camarilla: Proteção ou controle?
Alguma vez você já pensou que as mesmas paredes que te protegem também lhe aprisionam? Pense no trecho da música “Minha Alma” do cantor Falcão, vocalista da banda “O Rappa”, em que diz “As grades do condomínio são pra trazer proteção,mas também trazem dúvida se é você que está nessa prisão”. Isso é a Camarilla hoje em dia.
Muito se passou desde a idade média. A Inquisição deixou de ser uma força armada temida e explícita e passou a ser vista como um bando de fanáticos, vampiros se tornaram literatura e filme, lendas para jovens sem tenacidade pra vida, histórias amorosas melodramáticas, ou seja, tudo menos o que os vampiros de fato o são. Eles venceram, a máscara vive firme e a humanidade permanece cega com lobos entre os cordeiros. Porém a não-vida é cansativa, manter a máscara é cansativo e exige um esforço mutuo de todos os “Membros” (palavra utilizada na Camarilla para Vampiro). Como toda a sociedade que se auto intitula “civilizada” possuí regras com a Camarilla não seria diferente.
São 6 as leis supremas ou como os membros chamam “Tradições”. Alguns dizem que existem desde a guerra dos vampiros de 3° geração com os de 2° geração, outros que ela surgiu na idade média, mas seja lá qual for a verdade o fato é que essas tradições são a base da Camarilla em qualquer cidade do mundo controlada por esta seita. Desrespeitar as tradições gera sanções pesadas.
As leis responsáveis por manter a ordem da sociedade vampírica são:
Primeira tradição – A Máscara: Não revele sua natureza à ninguém que não a compartilhe.
(Entenda a importância da “máscara” só pelo fato dela ser a primeira tradição. Quebrá-la, na maioria dos casos é digno de pena de aniquilação).
Segunda tradição – O Domínio: O teu domínio é inviolável e de sua inteira responsabilidade. Todos os outros que nele estiverem lhe devem respeito. Ninguém poderá desafiar sua palavra enquanto estiver em teu domínio.
(Essa vale mais para os Príncipes, já que só ele detêm domínio de fato).
Terceira tradição – A Progênie: Apenas com a permissão de teu ancião criarás outro da tua raça. Se criares outro sem permissão, tu e tua progênie serão sacrificados.
(Se você criar outro vampiro sem a permissão do Príncipe, tanto você quanto sua cria serão mortos).
Quarta tradição – A Responsabilidade: Aquele que criares será de tua responsabilidade. Até que tua criança seja liberada, tu a comandará em todas as coisas. Os pecados dela cairão sobre ti.
(Se sua cria fizer besteira você paga).
Quinta tradição – A Hospitalidade: Honrarás do domínio do teu próximo. Quando chegares a uma cidade estrangeira, tu te apresentarás perante aquele que a governa. Sem palavra de aceitação tu és nada.
(Chegou em uma cidade controlada pela Camarilla? Se apresente ao Príncipe).
Sexta tradição – A Destruição: Tu estás proibido de destruir outro de tua espécie. O direito de destruição pertence ao teu ancião. Apenas os mais antigos dentre vós convocarão a caçada de sangue.
(Essa aqui eu tenho que explicar mais a fundo junto dos cargos, mas basicamente você não pode matar outro vampiro).
Essas leis mantêm a ordem na sociedade dos membros. Ótimo, mas todos as cumprem de boa vontade? Pense bem, mortais ou imortais as leis servem pra que não ultrapassemos nosso exercício de liberdade ferindo o direito do outro e sempre há quem tente burlá-las em busca de mais, sendo assim precisa impor o cumprimento destas leis…
O Príncipe: Caro neófito, entenda que geralmente quem ocupa esta posição é um vampiro antigo, um ancião. Para que tenha uma breve noção entenda o que lhe digo, um ancião possuí mais de 200 anos. Muitos chegam facilmente a ter de 300 a 500 anos. Se você achava que eu sabia muito com minha pouca idade, imagine eles?
O Príncipe ou A Príncipe (sim, o cargo permanece no masculino ainda que o ocupante seja do sexo feminino. É uma questão de tradição e na Camarilla, tradição é lei) detêm o poder de comando sobre um “domínio” no caso uma cidade. Ele gerencia a população de membros e coordena iniciativas para manter a manutenção da máscara e da boa convivência. Ele é a autoridade máxima na cidade. Ele julga, ele decreta e ele permite. Ele concede permissão para outro membro abraçar um mortal (abraço – ato de transformar um mortal em vampiro) se ele não a conceder então não se pode abraçar, no entanto o Príncipe pode abraçar quem ele quiser e quando quiser. É ele também é quem soluciona os conflitos entre outros membros e escolhe os ocupantes de outros cargos como o Xerife, os Delegados, Algozes, o zelador do elísio, Senescal e por vezes até a Primigênie.
O Senescal: Para muitos Príncipes é só a forma de escolher a faca que colocará na própria garganta. O senescal é um tipo de secretário pessoal, mordomo e conselheiro do Príncipe que por vezes assume o controle da cidade quando o Príncipe precisa se ausentar da cidade por qualquer que seja o motivo. Não é raro que senescais tentem golpes para tomar o poder ou venham a desafiar o Príncipe pelo cargo.
O Xerife: É escolhido pelo Príncipe, é seu braço direito. É um cargo militar. Pense nele como sendo o chefe da polícia na cidade, com a diferença de que nesse caso o chefe de polícia iria até sua casa pra te arrancar do sofá na base do soco e te levará à julgamento se você não obedecer as leis . Ah, esqueça os direitos humanos, você é um cadáver agora.
Não é incomum que Xerifes nomeiem Delegados para ajudá-lo nesse serviço, ainda mais que em cidades muito grandes as sociedades chegam a passar de 100 membros. Entretanto os Delegados precisam ser aprovados pelo Príncipe e pela Primigênie em uma espécie de sabatina.
A Primigênie: Podemos compará-los à um tipo de parlamento. É formada pelos membros mais velhos de cada clã da cidade. É possível que o Príncipe vete a participação de um clã nesse conselho o que por consequência diminuí sua representatividade, por outro lado o Príncipe não faz parte da Primigênie e o clã a qual pertence acaba por ter mais representatividade (a vida não era justa e a não-vida é menos ainda). Não é incomum que um Primogêno tenha um assistente pessoal ou algum tipo de secretário.
Algozes: São guardas de fronteira. Sério, não tem muito mais pra explicar. Imagine que alguém precisa tomar conta dos limites das cidades e levar os recém chegados “educadamente” para se apresentarem ao Príncipe ou mesmo eliminar membros do Sabá (seita rival) que tentam invadir a cidade. Não é incomum que vampiros mercenários ocupem este cargo. Nada impede que os Algozes sejam uma força militar auxiliar do Xerife.
Harpias: Esse não é um cargo comum, na verdade é mais um status. Sabe sua vizinha fofoqueira? Ela tem talento pra ser Harpia. Homens podem ocupar esta função mas da mesma forma do Príncipe, a pronuncia da função continua no feminino.
As Harpias coletam informações no elísio e podem construir a reputação de alguém ou destruí-la. São mestres no jogo social, recomendo cautela ao cumprimentar alguma.
O Zelador do elísio: Primeiro você precisa saber o que é um elísio. É um local neutro. Não se pode brigar, ainda que possam haver discussões acaloradas ninguém pode ir às vias de fato, por isso mesmo que o uso de Disciplinas (poderes vampíricos), bem como o porte de armas de qualquer espécie é terminantemente proibido. O Zelador é responsável por organizar os eventos no elísio e por manter a ordem do local.
O Príncipe pode declarar mais de uma localidade como elísio se ele quiser, o que levaria à consequente existência de mais de um Zelador na cidade.
Depois de tudo que eu lhe disse sobre a Torre de Marfim (apelido da Camarilla) tire suas próprias conclusões. Você se sente seguro ou preso aos laços de servidão eternos?
Boa noite Neófito
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