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Nosferatu100 Anos

100 ANOS DE NOSFERATU!

100 ANOS DE NOSFERATU! A obra prima do cineasta alemão FW Murnau, interpretado pelo misterioso Max Shrekt celebra 100 anos neste 4 de Março de 2022. O nome do personagem é Conde Orlok e ele já serviu como uma representação da praga; um espírito semelhante a um Daemon de uma região da Romênia; ícone do cinema vampírico; avatar de saturno para outros; eis aí um personagem rico de significados e com muitas facetas.

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A estreia do filme se deu na cidade de Berlim, no chamado Festival Nosferatu realizado no Marmorsaal of the Berlin Zoological Garden. O pitoresco evento conclamava a toda audiência vir trajada nas cores pretas. O nome original do filme era Nosferatu: Uma Sinfonia de Horror. Os gritos do público ao contemplar o pesadelo chamado Conde Orlok saltando de seu caixão foram memoráveis. Esses espectadores desavisados ??poderiam muito bem terem vivido e testemunhado o primeiro grande “Jump Scare” da história do cinema. Possivelmente também testemunharam o primeiro grande monstro dos filmes de terror.

Local da estréia de Nosferatu em 1922

Nosferatu também amargou um dos primeiros grandes processos jurídicos por plágio da história do cinema. O filme era uma adaptação não oficial do Drácula de Bram Stoker – daí a mudança de nome do Conde de Drácula para Conde Orlok. E a sentença da justiça foi amarga, todas as cópias de Nosferatu foram condenadas a fogueira nos anos seguintes após o lançamento. Ao menos este é o “lore” que rodeia a película. Sim o processo foi movido pela viúva de Bran Stoker. Mas como sempre alguém guardou uma cópia escondida no porão e que acabou ressurgindo nas décadas posteriores.

O enigmático busto da Fraternita Saturnis

Uma obra obra-prima silenciosa foi pioneira em técnicas e tropos de terror que vêm sido usados ??desde então. Mas a criação do icônico Orlok, interpretado por Max Schreck, é a sua conquista suprema. É interessante observar que a produtora do filme chamada Prana Films era ligada a um grupo ocultista alemão chamado Frater Saturnis. A discreta sociedade permanece ativa até os dias de hoje e a curiosa semelhança da estátua de seu fundador com o personagem Orlok; ainda hoje é um tema que rende boas conversas e faz parte do folclore deles. Inclusive entrevistamos o Frater Iskuros, atual líder da vertente brasileira, assista aqui. Há até algumas histórias e teorias interessantes sobre tudo isso, leia mais aqui e assista nosso doc também.

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Muito do crédito por essa estranheza deve ir para o produtor de Nosferatu, Albin Grau. Estudante de ocultismo, autor da obra “Livro da Hora Zero” (disponível no Brasil na Daemon Editora). Ele escreveu um artigo afirmando que, durante a Primeira Guerra Mundial, um camponês sérvio lhe contou sobre seus próprios encontros com vampiros. O relato era dramático. “Antes desta guerra miserável, eu estava na Romênia, disse o camponês, supostamente. Você pode rir dessa superstição, mas eu juro pela mãe de Deus, que eu mesmo conhecia aquela coisa horrível de ver um morto-vivo… ou Nosferatu, como os vampiros são chamados por lá.”

Em 1921, Grau montou um estúdio independente, chamado Prana Film, mas também trabalhou em estreita colaboração com Murnau como designer de Nosferatu. Ele retém apenas alguns elementos já presentes no romance de Stoker, como as orelhas pontudas e o nariz aquilino, e usou muitas conexões com os mortos-vivos da tradição folclórica do Leste Europeu. Orlok é uma criatura parecida com um verme, mais à vontade entre ratos do que pessoas, dizia Albin Grau.

Nosferatu, Werner Herzog

No cinema o personagem Nosferatu voltou a ser interpretado no final dos anos setenta pelo ator Klaus Kinski. A produção foi dirigida por Werner Herzog e junto de Isabelle Adjanini. A versão é deliciosamente onírica no seu visual e fascinante em todos os sentidos. Até hoje encontramos bandas de dark ambient no youtube usando trechos dessa película. Interessante pontuarmos que o Nosferatu de Herzog ganhou uma espécie de sequência alguns anos depois. Nele a aventura continuava em outra cidade. Foi intitulada Nosferatu em Veneza, e nunca se tornou conhecida do grande público.

Embora não possuísse uma trilha sonora por ser um filme silencioso ou mudo. No final do século XX Nosferatu ganhou uma trilha sonora especialmente produzida pela banda Type O Negative para uma exibição no hemisfério norte. Ainda uns anos antes disso o álbum KID A da banda inglesa Radiohead sempre funcionou como a trilha sonora não oficial perfeita para este filme. Parece inclusive que foi composto por alguém que assistia o filme e com este intento.

Outro músico que sintoniza e canaliza com maestria em suas criações tal espírito saturnino presente em Nosferatu é sem dúvida o Fabio Hattock, da Columbarium Station, residente na Inglaterra – e que pode ser conhecido na Bandcamp, clique aqui. Ele também é o responsável pelo álbum Vampyric Ritual Chamber Music.

No entanto, a maior referência musical ao filme de Murnau é sem dúvida a banda de Gothic Rock: THE NOSFERATU. Iniciada ainda nos anos noventa por Vlad Janicek e Louis de Wray. A banda segue na ativa até as noites de hoje. Inclusive já se apresentaram como headliner na edição de 2021 do evento #RedeVampCarnival para a alegria dos fãs brasileiros.

Réplica do flyer usado na divulgação da peça há alguns anos atrás

No Brasil a história de Nosferatu é curiosa, o filme foi lançado com o título de “O Lobisomem”. Iniciando assim (ou expondo) uma longa confusão sobre o que é um vampiro e o que é um lobisomem na cultura popular. A confusão durou boa parte do século XX. Um caso deveras curioso. O popular travesti e mestre de capoeira conhecido como Madame Satã, ganhou seu apelido ao se fantasiar de vampira para um carnaval da época. Os jornalistas da época não entenderam a fantasia de vampira dele, suas asas de morcego e tal. E prontamente o batizaram pelo nome que ficou conhecido até hoje como esposa do diabo.

O próprio Nosferatu foi (mal) adaptado na teledramaturgia brasileira. Foi interpretado pelo ator Ney La Torraca na novela Beijo do Vampiro do começo do século 21 – que merece o esquecimento.

É pouco sabido que o Brasil tem uma história de mais de 170 anos de vampiros na cultura pop e na literatura, bem como no cinema a partir dos anos sessenta, leia mais aqui.

Um dos pontos altos de Nosferatu no Brasil é a canção homônima da banda paulista Sunseth Midnight. A faixa lançada na primeira década do século 21 captura com maestria o espírito do filme de Murnau, assista o clipe aqui. É importante mencionarmos que Nosferatu também ganhou uma primorosa adaptação teatral, exibida no lendário Madame Underground Club, leia mais aqui.

Missa da Meia Noite
Missa da Meia Noite

Ele também é um dos poucos monstros a ser instantaneamente reconhecível em todo o ocidente, mesmo em silhueta. Vemos inclusive a influência de Nosferatu no recente sucesso Missa da Meia Noite da Netflix. O seriado The Strain, uma adaptação dos romances de Chuck Hogan e Benicio Del Toro. Os criadores visuais da série também foram influenciados pela imagem do Conde Orlok de maneira pontual, leia mais aqui. Até mesmo a editora Marvel adaptou Nosferatu como um vampiro inimigo de seu antiherói Drácula, leia mais. E há até um cardgame chamado Nosferatu que circula por aqui, leia mais aqui.

Murnau faz um uso arrepiante de sua sombra- já inclusive se especulou que o artista Max Shrekt fosse realmente um vampiro, como visto no filme A Sombra do Vampiro. Quando você vê o contorno da cabeça careca e abobadada de Orlok, suas orelhas pontudas, seus ombros curvados, seu corpo magro e suas garras serpenteantes, você sabe quem está à espreita. O personagem é tão icônico que figura até mesmo como um clã de vampiros do universo de Vampire The Masquerade.

NOS4A2 DA PRIME VIDEO – AMAZON

Outra aparição de Nosferatu na cultura pop, agora re-significado se dá na brilhante série NOS4A2 disponível na Prime Video da Amazon. A série atualmente conta com duas temporadas e que ganhou um extenso post elogioso em nosso portal, leia mais aqui.

Nosferatu tem seu rosto magro e branco como giz. Mais animal do que humano, Orlok tem enormes sobrancelhas espessas, olhos encovados, nariz adunco e incisivos de roedor no centro da boca.

Conde Orlok encarna uma deidade saturnina e primerva, altiva e silenciosa dos recônditos mais distantes da nossa mente. Aquele lugar onipresente, quase como a vista do alto do monte pedregoso; quando o espaço hostil a vida exibe suas primeiras nuances. Então, vamos celebrar o centenário desta singular quimera vampírica!

EMPORIUM VAMP DESDE 2006

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