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SATURNO E SUA INDOMÁVEL ERA DE OURO

Saturno e sua indomavel era de ouro
Moisés. Sillería de coro de la catedral de San Salvador de Oviedo. Obra realizada entre 1491 y 1497

Sombras, dragões, lobos, os mortos, os lícantropos, os vampiros, as bruxas e a escuridão vivem ocultas em seus negros mantos e andrajos.

[UM TEXTO DE LORD A : .] Segundo a astrologia este ano e os próximos 35 que vem aí serão regidos por Saturno, algo que no mínimo provoca reações mais acaloradas e temerárias de todos os tipos. Considerado como um professor bastante severo ele distribui suas lições e corretivos sem se importar com a classe social, dogmas e ideologias reinantes. A única escolha dada é acolher como lição ou interpretar como maldição. Sombras, dragões, lobos, os mortos, os lícantropos, os vampiros, as bruxas e a escuridão vivem ocultas em seus negros mantos e andrajos. Na Cabala é Saturno, representado pela séfira Binah, quem dá a forma e por extensão o tempo e a morte – algo essencialmente feminino e no final das contas o que o leva a sua demonização no imaginário ocidental. (entenda melhor esta parte neste outro artigo)

Seu mito mais popular o relaciona ao titã Cronos que devorava seus filhos os deuses olímpicos temendo perder o poder pelas mãos de um deles. Para ajudar na construção desta imagem pouco sutil, veio o famoso quadro bem expressionista do Goya sobre o malfadado caso. A astrologia o tratou como maléfico nos tempos medievais e depois como o justiceiro do zodíaco, responsável pelas cobranças e contraposições (ou acusações). Até aqui não há novidade, acaba sendo o “basicão” e as palavras chaves que a maioria se refere a Saturno. Mas a unanimidade permanece burra e continua olhando de longe, perdendo o melhor desta importante deidade.

Na Cabala Saturno é representado pela séfira Binah, quem dá a forma e por extensão o tempo e a morte – algo essencialmente feminino e no final das contas o que o leva a sua demonização no imaginário ocidental.

Saturno e sua indomavel era de ouro
Moisés (de Michelangelo, no Vaticano)

Saturno como todo deus pagão não é apenas uma sombra superficial e maniqueísta como o Deus monoteísta dos tempos modernos, onde cada um customiza como manda o próprio super-ego. Na Itália ele era um bom camarada, acolhedor e boa praça, que transmitiu os segredos da agricultura e até hoje reina sobre a chamada “Era de Ouro” acessível apenas aos hábeis e os do “Sangue”.

Neste aspecto ele deixava de ser o prosaico Cronos e passava a ser nomeado como “Koro Nous” representando aquele que contempla a natureza do absoluto para além da totalidade dos existentes, reportando a Zeus os princípios da criação, o domínio das formas eternas ou ainda o puro intelecto, além dos sete céus e do manifesto.  (A partir deste ponto você começa a entender até mesmo porque houve uma ordem secreta que o cultuava e esteve ligada a produção do filme Nosferatu ainda em 1922, relembre a história aqui)

Falando do diabo e dos seus chifres, tema recorrente para Saturno ou ainda Kronos, há a questão da raiz KRN em seu nome. Ela também é encontrada em Cernunnos ou Karneios no sentido de “poder” e “elevação”, também participa de palavras como cornus, corona e coroa. Símbolo do polo, da montanha sagrada e “local elevado” (falamos de tudo isso neste artigo, ampliaremos em breve o tema neste outro artigo sobre o mito polar) – ou ainda enquanto “cairn/marco” se referindo a túmulo ou sepulcro. Saturno e sua indomavel era de ouro.

Não admira que Kronos ou Saturno viriam posteriormente a serem nomeados regentes dos Campos Elíseos, no Hades. Isso ocorre quando centro espiritual desaparece e o que pertencia a “Era do Ouro” passa a morar na Terra dos Mortos. Pois é, tudo isso e ainda esta outra face de Saturno, enquanto “Koro Nous” eu descobri há alguns anos atrás ao ler os textos dos meus amigos Nicholaj e Katy Frisvold. Inclusive abro um parêntesis neste artigo para falar um pouco mais sobre o tema de Saturno e sua indomavel era de ouro

SOBRE A ARTE DOS INDOMÁVEIS

A Arte dos Indomados, de Nicholaj de Mattos Frisvold oferece um raro banquete para apreciadores de uma visão arrojada e perene.

Recentemente tive a oportunidade de ler “A ARTE DOS INDOMÁVEIS” do meu amigo Nicholaj de Mattos Frisvold (já entrevistei ele no Vox Vampyrica, escutem o podcast aqui) na bela edição nacional desenvolvida pelos nossos parceiros da Penunbra livros. Posso assegurar a cada um de vocês que é uma obra seminal e indispensável em todos os sentidos para todos aqueles que tem parte com dragões e caminham junto de corujas.

Ao longo de suas páginas o autor apresenta a chamada Bruxaria Tradicional (termo que remete a sabedoria ou filosofia perene) através do mundo sem o restringir a um fenômeno típico europeu e sim como um patrimônio da humanidade de todos os tempos e épocas. Sem dúvida um tema audacioso ao considerarmos a amplitude englobada por tal afirmação, entretanto Nick com sua maestria e boa escrita discerne com clareza aquilo que há em comum e que permanece em tantas expressões e manifestações da bruxaria ao redor do mundo – coisa de Saturno e sua indomavel era de ouro.

Sem regras e adoravelmente anárquico e indomável, o conteúdo vem a transgredir incontáveis zonas de confortos, imposições, dogmas e ideologias sobre o contexto da bruxaria promovendo uma visão holística do sagrado e do profano, prendam a respiração pois o livro não faz prisioneiros! A escuridão é um dos caminhos de cura. É um daqueles livros que ao terminar a leitura você sente falta do espírito e da atmosfera evocada em suas páginas que recordam o aroma de florestas, fogueiras e forcados.

Já está disponível em nossa LOJA ELETRÔNICA e também disponível por encomenda prévia em NOSSO ESPAÇO.  Conteúdo indispensável para membros e estudantes do Círculo Strigoi (inclusive tem uma das descrições mais belas que já tive a oportunidade de ler sobre nossas contrapartes romenas) que são preparados para lidarem desde cedo com Saturno e sua indomavel era de ouro

DE VOLTA A SATURNO

Saturno e sua indomavel era de ouro
Cronos, o tempo vigia os muros do cemitério do Araçá em São Paulo

Ainda em Roma, Saturno ganhou um templo homenageando suas benfeitorias e predileção, onde a cada ano atavam fios de lã a sua estátua que era libertada apenas nas celebrações da Saturnália no solstício de inverno. Festejo popular onde os dominadores viravam escravos, as damas se vestiam de homens e assim seguia o banquete e os ditirambos. Seu principal lugar de culto se dava nas províncias romanas africanas dado seu evidente poder fertilizador – e a associação com outros mitos e ritos locais de caráter dragonistas.

Neste interessante contexto repleto de heresia e gnosticismo não surpreenderia encontrarmos algo mais sombrio e de cunho arcaico e deliciosamente pagão que remeta ao culto de Ba´al Hammon, associado a Kronos ou Saturno e também a deidade bíblica nomeada como Moloch (o que explicaria uma misteriosa associação estabelecida entre Drácula, Baal e Moloch no artigo sobre Drácula, publicado aqui)

Outro ponto no mínimo digno de nota é que esta mesma deidade algumas vezes era associada ao próprio deus Amon em outras regiões. A conexão fica ainda mais ousada se pensarmos que o próprio Alexandre O Grande, filho do Rei Filipe II e sua quarta esposa Olímpia de Épiro era tido como progênie espiritual do próprio Amon. Em aramáico e também no árabe seu nome significava aquele de “dois chifres”. Sua nobre linhagem ainda o associava ao vigoroso Herácles (ou Hércules) da parte de pai e ao semi-deus Aquiles pela parte da mãe e também foi o unificador do leste e oeste. Na obra Arte dos Indomados, o próprio autor lhe apresenta como um digníssimo e justo “Mestre Chifrudo da Arte”. Certamente, um hábil condutor através dos mares e rios turbulentos da paixão e do automatismo, rumo ao polo, axis, era dourada ou terra prometida. Tal jornada nunca foi literal ou conotativa. (no caso da Cabala de Bureus, isto fica ainda mais evidenciado, mas falaremos disso outra noite, até lá leia aqui) Saturno e sua indomavel era de ouro

Alexandre, O Grande interpretado por Collin Farrell

Falar da renascença é sempre uma tarefa interessante, principalmente no contexto que por comodidade nomeamos como “VAMP”, até mesmo por conta de assuntos associados a imagética do célebre Drácula e de sua contraparte histórica na Romênia, uma antiga província do império romano. Naturalmente os leitores e leitoras mais hábeis podem se recordar do já falamos sobre a família Bassarabi e sua descendência oriental que tinha o dragão como espírito totêmico ou ainda a família Danesti que alegava descender da famigerada serpente do paraíso. Tal assunto foi explorado com detalhes no meu livro Mistérios Vampyricos: A Arte do Vampyrismo Contemporâneo (Madras Editora,2014).

Neste sentido o império Bizantino nos é particularmente caro, dado sua proximidade e influência nas políticas do Leste Europeu, bem como os assuntos auspiciosos e o furto de grimorios e obras promovidas pelos mercenários da guarda Varrengue nos tempos da sua queda. Vale pontuar que a influência de Saturno é atribuída ao misterioso Byger Tidesson, da cabala de Johaness Bureus e a algumas variações sobre este mesmo contexto que exploramos ao longo deste artigo. Interessante pontuar que inclusive o próprio rei Filipe II era caolho, sobre a rainha Olímpia de Épiro, diziam que além de sacerdotisa deitava-se em uma cama repleta de serpentes e a peculiar coroa usada por Alexandre remetia a chifres. Vemos um pouco disso tudo na produção mais recente sobre o personagem histórico. Saturno e sua indomavel era de ouro

Eis aí o estabelecimento de uma atmosfera violenta e feiticeira, uma elite iluminada por uma teurgia singular que atuava dentro de uma cosmologia predatória para manter e preservar sua riqueza e o controle de suas posses e a transmissão do seu legado – quem aqui pensou na Ordem do Dragão e os impalamentos de Vlad Tepes?

Imaginemos o misterioso “culto a saturno” que abordamos aqui se deslocando de Constantinopla para a Itália (quem sabe rumo a parte central ou norte do seu território?), sendo acolhido e abraçado pelas famílias mais poderosas de lá. Não é algo impensável visto que os escambos e trocas da nobreza italiana com o norte da África e com os muçulmanos do Médio Oriente era algo corriqueiro e comum, diferente da nobreza germãnica, da franco e britânica. A própria existência das obra de Dante Aligheri como Vita Nuova e Divina Comédia, bem como a agremiação conhecida  como Feddelli D´Amor evidenciam claramente influências e inspirações islâmicas no seio italiano. Durante a renascença o mesmo extenso tráfico de conhecimento e textos ligados a qabalah, com origens vindas das terras do Sultão Maomé II são um fato histórico; tal como a presença de Vlad da Casa Bessarabi em Florença nos entrepostos da Ordem do Dragão escoltando nobres e autoridades eclesiásticas. Inclusive testemunhando os primórdios do tarô por lá – quem conta um pouco disso é Robert M. Place. . (trecho em vermelho neste tom, atualizado em 9.9.2019, encorajo a leitura deste texto).

UM CERTO PLETHON 

Georges Plethon

[ATUALIZADO EM 9.9.2019] A figura principal deste processo na transição do misterioso culto vem a ser o pagão e platônico George Gemistos Plethon.( Mistra, 1355 – Peloponeso. 1452) foi um filósofo e erudito grego neoplatônico, um dos pioneiros no revival do aprendizado dos mestres gregos no início da Renascença na Europa Ocidental. Ele foi homenageado por Marsilio Ficino como o “Segundo Platão” e pode ter sido a fonte do sistema inspirado nos ritos Órficos e de Magia Natural de Ficino.

Pletão participou do Concílio de Ferrara, e posteriormente se instalou em Florença, onde iniciou sua lições de filosofia platônica, que impulsionaram a criação da Academia Florentina por Cosme I de Médici, em 1459. Que foi administrada por Marsilio Ficino. Vale pontuar que lá em Constantinopla haviam milhares de textos e conteúdos completamente desconhecidos para seus primos católicos ocidentais. Se hoje dizemos que igreja ortodoxa é a que tem mais “paranauê”, só perdendo para a saturnina Ordem de São Bento, sabemos do que estamos falando. Enfim, Plethon tinha ideias contrárias a um império universal e promovia uma visão de Constantinopla se tornar uma ilha cultural que retomasse ideias helênicos. Vemos isso claramente em Reforma do Peloponeso, incluindo queimar deviantes da norma em estacas. Mais detalhes aqui.

O platonismo de Plethon mesclou elementos neoplatônicos, neopitagóricos e aristotélicos, configura-se como um emanatismo aonde a alma é uma emanação das idéias, que por sua vez emanam do Uno, ou de Deus e aspira a uma restauração do politeísmo grego, ao qual devia subordinar-se o cristianismo.

Plethon foi o autor de De Differentiis, uma descrição das diferenças entre as concepções de Deus entre Platão e Aristóteles: “In De Differentiis Plethon compares Aristotle’s and Plato’s conceptions of God, arguing that Plato credits God with more exalted powers as “creator of every kind of intelligible and separate substance, and hence of our entire universe”, while Aristotle has God as only the motive force of the universe; Plato’s God is also the end and final cause of existence, while Aristotle’s God is only the end of movement and change.”

Já na sua obra “Nomoi” ele rejeitou a cristandade em favor de um retorno a adoração dos deuses clássicos dos tempos Helênicos mixados com sabedoria ancestral baseada em Zoroastro e os Magi persas.

Além disso tentou reconciliar as igrejas do ocidente e do oriente por meio de ideias de Platão. Também pode ter sido quem influenciou Cosimo De Medici a fundar uma nova academia platônica sobre controle de Marsílio Ficcino, de lá vieram traduções de Enéadas de Plotinus e outros trabalhos neoplatônicos. Justamente por destacar a influência platônica causou bastante desconforto aos pensadores aristotélicos do seu tempo.

“It seemed to represent a merging of Stoic philosophy and Zoroastrian mysticism, and discussed astrology, daemons and the migration of the soul. He recommended religious rites and hymns to petition the classical gods, such as Zeus, whom he saw as universal principles and planetary powers. Man, as relative of the gods, should strive towards good. Plethon believed the universe has no beginning or end in time, and being created perfect, nothing may be added to it. He rejected the concept of a brief reign of evil followed by perpetual happiness, and held that the human soul is reincarnated, directed by the gods into successive bodies to fulfill divine order. This same divine order, he believed, governed the organisation of bees, the foresight of ants and the dexterity of spiders, as well as the growth of plants, magnetic attraction, and the amalgamation of mercury and gold.” Segundo Segundo Merry, Bruce (2002) “George Gemistos Plethon (c. 1355/60–1452)” in Amoia, Alba & Knapp, Bettina L., Multicultural Writers from Antiquity to 1945: A Bio-Bibliographical Sourcebook. Greenwood Publishing Group. FONTE CONSULTADA

Saturno e sua indomavel era de ouro
Cartari Janus e Kronos, arte de Vincenzo Cartari’s Le Imagini de gli Dei (1608)

Eis aí o estabelecimento de uma atmosfera violenta e feiticeira (não que antes disso a italianada fosse tudo santa, né – Maquiavel que o diga!), uma elite iluminada por uma teurgia singular que atuava dentro de uma cosmologia predatória para manter e preservar sua riqueza e o controle de suas posses e a transmissão do seu legado. Encontraremos ressonâncias disso nos movimentos e rumores sobre a emblemática Ordem do Dragão, no Sacro Império Romano Germânico. Interessante pontuar seus membros e líderes natos nas principais famílias da nobreza europeia, seus interesses e propriedades através da Itália, suas evidentes ligações com a alquimia, astrologia e magia cerimonial, delineada no meu livro Mistérios Vampyricos.

Podemos inclusive especular sobre uma elite “Illuminatti” bem anterior a irmandade de Adam Weishaupt! O que por si é inspirador e de uma nuance densamente saturnina em todos os sentidos. Enfim, o contexto é bastante rico e permite especulações marcantes interessantes ao nosso contexto em diversas camadas. Sem falarmos que a morte através do impalamento, com o sangue derramado sobre a terra era uma punição e um processo comum desta peculiar irmandade saturnina e dragonista.

UM JOGO DE SATURNO

Saturno e sua indomavel era de ouro
The Game of Saturn de Peter Mark Adams, Scarlet Imprint

Mas como tal irmandade, seu culto, sua teurgia e até noções desta sombria e grave alquimia chegaram até nós? Sem dúvida como tudo aquilo que se encaixa no hall daquilo que me fascina, de maneira incidental e casual. A resposta foi a descoberta do Tarô de Sola Busca largado em uma caixa de uma adega. Talvez seja um dos primeiros decks de tarô que veio da renascença até os dias de hoje completo, ou seja com todas as cartas e ainda inspirou com suas imagens o tarô de Rider Waite (este tema será ampliado em futuros artigos!)

Extremante sublimes e algumas deveras perturbadoras – impalações, violência e retratos de operações alquímicas populares daquele tempo de intrigas diplomáticas, espionagem e disputas entre os poderosos de Ferrarese e Veneza. O baralho captura com maestria o espirito desta peculiar tradição mágicka e oferece um viés das propriedades talismânicas saturnianas e uma peça importante da tradição ocidental. Esta é a proposta do livro “The Game of Saturn” uma obra prima conduzida pelo pesquisador Peter Mark Adams, da editora inglesa Scarlet Imprint. Um delicado e elaborado estudo etno-histórico tanto do tarô quanto da elaborada tradição que gerou esta curiosa obra de arte cheia de significados escondidos, transformações violentas e ritos obscuros.

Encerro nossa jornada através do reino indomável de Saturno aqui, raios, espinhos e chifres nas cabeças simbolizam múltiplas percepções; tridentes (assim como o Trishula de Shiva) marcam a supremacia e a ascensão ao cume, ao polo e a sagrada montanha além dos rios e mares da paixão. Saturno ensina suas lições para alcançarmos tais prados – seja na “Hora dos Lobos” ou através dos seus poderosos dragões.

Saturno e sua indomavel era de ouro

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