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Prelúdio em destaque #1

Está série nova de posts pretende mostrar alguns exemplos de histórias de personagens de amigos (e de pessoas que postaram na internet) para servir de inspiração tanto no tom da narrativa como nos fatos narrados.

Hoje eu trago pra vocês Gilbert Axton M., também conhecido com Sr. Gam. O jogador consegue narrar fatos notáveis do livro do clã Ravnos, mas tirem suas conclusões…

 

 

.Gangsters
24/05/1905. Trinta anos.
Estou fazendo um passaporte espanhol para Mack Sacchetti. Vou chamá-lo de Jake Davino, acho que o garoto vai gostar. De todas as línguas que aprendi, creio que espanhol é uma das mais interessantes.

O senhor Romas disse que precisa falar comigo, mas amanhã. Eu perguntei se poderia passar em sua casa durante a tarde, mas ele disse que prefere a noite. Que seja então.

25/05/1905. Dia seguinte.
Estou confuso. No que ele me transformou? Isso é magia? Ele disse que a família estava me recompensando. Disse que eu seria imortal, que a vida passaria a ser bem mais fácil e que esse seria o pagamento definitivo por todos os meus serviços, passados e futuros. Mas, se é assim, por que eu me sinto tão estranho? Estão batendo na porta, acho que é a criada.

Dio mio… O que eu fiz?

04/06/1905. Semana seguinte.
É, a vida é definitivamente mais fácil. O senhor Romas me instruiu melhor. Aparentemente, há toda uma sociedade de vampiros lá fora. Ele me explicou um pouco sobre a Camarilla e o Sabá, mas não entrou em detalhes. Nós não lidamos com eles.

Ele também me transferiu uma considerável fortuna, me disse que não me faltaria nada enquanto o servisse.
Comecei a identificar os outros Membros na família. Gente que eu jamais havia imaginado…

15/03/1906. Ano seguinte.
Hoje estivemos em uma reunião. Lil’ Johnson e Martin Villas estavam lá, aquelas cobras. Todos sabem das trairagens desses dois filhos da puta, mas ninguém faz nada. Esses muleques não tem a menor noção de respeito na família, e é justamente o respeito que mantém a pele deles intacta.

Não sei se tenho mais paciência. Uma parte de mim grita por justiça. Mais que sangue, eu quero esses dois mortos pelas minhas mãos.

16/03/1906. Dia seguinte.
Foi maravilhoso. Aliás, foi tão bom que eu quase me esqueci de sugar o sangue deles depois. Quase.

05/08/1907. Ano seguinte.
Al Shortle anda transando com a senhora Laurence Romas. Eu sei porque um passarinho me contou. Literalmente.

Não sei se devo contar ao senhor Romas, ele ficaria furioso. Digo, é claro que aquele homem já não sabe o que é o amor há muito tempo, e a coitada da mulher não via uma piroca há mais tempo ainda. Mas há uma questão de orgulho aqui. Respeito, família! Não sei se Al merece isso… Mas ele tem que assumir as consequências.

06/08/1907. Dia seguinte.
Al está morto. Houve um grito de mulher. Quando eu cheguei no quarto, o corpo dele estava espalhado por todo o chão. Havia uma grande lasca de madeira fincada no peito do senhor Romas, e a senhora Laurence estava chorando a um canto, assustada pelo que havia feito.

Tive que pensar muito rápido. Minha primeira reação foi retirar a lasca, mas eu me contive. Estava ali a chance de eu manter a dádiva da imortalidade, mas livre dos Sacchetti de uma vez por todas.

Não me dei a chance de pensar duas vezes. Tirei a madame do quarto e arranquei a cabeça do senhor Jonas com uma faca de churrasco. Não foi meu ato mais delicado, mas era o único jeito de matá-lo.

09/08/1907. Três dias depois.
O velho sem cabeça ainda assombra meus sonhos. Pro inferno com ele. A vida demanda certos sacrifícios. Ele mesmo me ensinou isso.

14/09/1907. Mês seguinte.
Passei minha fortuna para outra identidade, antes que me encontrem. É muito mais fácil falsificar documentos agora, o produto é instantâneo com um toque quimérico.

.Torre de Marfim
02/01/1910. Três anos depois. Trinta-e-cinco anos.
Senhor Romas estava certo. A Camarilla é mesmo um saco. Uma sociedade falida de gente suja. Não que eu me sinta muito mais limpo que eles… De qualquer forma, vou me livrar dessa confusão. Acho que vou pra Europa, por que não?

.Grandes Guerras
13/08/1914. Quatro anos depois. Trinta-e-nove anos.
Guerra Mundial? Ora, mas que Guerra Mundial é essa se só acontece em um continente? Esses humanos as vezes conseguem ser bastanta imbecis. Em todo o caso, ainda são perigosos. Vou me manter fora da reta.

22/12/1927. Treze anos depois. Cinquenta-e-dois anos.
Estou na Inglaterra. Hoje comprei um cachorro com papel quimerisado em dinheiro. É melhor não tornar isso um hábito. Da primeira vez será apenas um humano confuso, mas das próximas vou ter um Algoz na minha cola.

Ele é uma graça de bicho. Acho que vou chamá-lo de Maya.

15/06/1935. Oito anos depois. Sessenta anos.
Maya sumiu, aquele filho de uma quenga. Ele tinha um Laço de Sangue forte demais pra fugir, portanto acho que pegaram ele. Devem estar me investigando, é melhor dar o fora desse país.

Próxima parada, França.

10/05/1940. Cinco anos depois. Sessenta-e-cinco anos.
Os alemães invadiram o país. Agora está difícil fugir daqui, então preciso dar um jeito de me virar. Acho que vou roubar um rifle.

11/05/1940. Dia seguinte.
Essa é definitivamente a melhor invenção do homem depois da camisinha.

12/05/1940. Dia seguinte.
Haha, é muito divertido estourar a cabeça desses filhos da puta. Mas preciso sair daqui. Se ficar nesse prédio mais uma noite, é capaz que me descubram. Além disso, parece que eles estão ganhando. Não quero ficar aqui e ser o último atirando contra os nazis.

19/07/1943. Três anos depois. Sessenta-e-oito anos.
Encontrei uma família Rroma. Fazia tempo que não via uma. Acho que vou ficar com eles por um tempo.

21/07/1943. Dois dias depois.
Nos capturaram na calada da noite, filhos da puta. Estão nos levando pra uma espécie de prisão de segurança máxima.

22/07/1943. Dia seguinte.
Adoriabelle morreu. Deram um tiro na cabeça dela porque ela fazia barulho demais. As celas são amontoadas de gente, os soldados os tratam pior do que… Raios, pior do que eu trataria eles.

23/07/1943. Dia seguinte.
Ainda não arranjei um jeito de escapar. Por sorte eles não nos tiram daqui pra nada, então não tenho que me preocupar com a luz do dia.

24/07/1943. Dia seguinte.
Não tenho vitae pra pensar demais. Tive um plano maluco. É totalmente errado, tem fortes chances de virar contra mim, mas acho que é a melhor chance que tenho.

Vou Abraçar todos aqui. Todos.

27/07/1943. Três dias depois.
Estou livre, vivo e muito longe da França. Acho que vou passar um tempo na Índia.

Nota para eu mesmo: Nunca, NUNCA mais fazer Abraços em massa.

.Dinheiro
01/08/1969. Vinte-e-seis anos depois. Noventa-e-quatro anos.
Essa história de Bolsa de Valores parece interessante. Vou experimentar.

25/09/1976. Sete anos depois. Cento-e-um anos.
O dinheiro que andei investindo na Bolsa me rendeu uma fortuna. Agora que estou confortável vou passar a deixá-lo apenas em investimentos seguros.

Não quero mais me preocupar com isso.

.O Tratamento
06/05/1994. Dezoito anos depois. Cento-e-dezenove anos.
Me chamaram pra um Tratamento. Achei interessante. É claro que eu já ouvi falar, todos sabem do que se trata. Mas não me via de fato participando de um. Será daqui a duas semanas,

10/05/1994. Quatro dias depois.
Hoje passei em uma loja de armas. Comprei algumas quinquilharias e descobri que a Barrett M82, um rifle de calibre grosso de primeira, agora é comercializada para civis. Haha, o que esses humanos tem na cabeça?

Comprei a minha, será útil no Tratamento.

20/05/1994. Dez dias depois.
Hoje foi a primeira noite de Tratamento. Causamos balbúrdias dentre os pontos mais quentes de Hyderabad. Precisávamos nos ajudar se quiséssemos que o Tratamento funcionasse e, principalmente, sobreviver. Por isso me senti propenso a salvar um cara que estava cercado em meio à uma aglomeração. Um tiro no meio da testa daquele Xerife sem vergonha foi o bastante pra ele escapar.

21/05/1994. Dia seguinte.
Valeu a pena salvar aquele cara. Hoje foi a vez dele me salvar. Sempre bom ver que suas escolhas renderam lucro.

22/05/1994. Dia seguinte.
Acabou o Tratamento. Quando já estávamos escapando, com as coisas mais calmas, tive tempo de conhecer melhor meu pretenso amigo. Seu nome é Ian Baxt II, e ele é daqui mesmo. Fizemos o juramento de lealdade Ravnos, aquele da cuspida na mão e coisa e tal. Prometemos nunca mais perder contato.

Hah, até parece.

.Semana dos Pesadelos
15/08/1998. Quatro anos depois. Cento-e-vinte-e-três anos.
Sachika disse que um Matusalem de Quinta Geração acordou ao Sul daqui da Índia. Não sei de onde ele tirou essa informação e, honestamente, não sei se quero que seja verdade ou mentira. Os Cataianos estão varrendo todos nós de Bangalore até aqui, e eu não sei se é melhor ter um Matusalem psicopata do nosso lado ou ninguém.

18/08/1998. Três dias depois.
Os Cataianos chegaram. Madana e Daha não respondem mais os e-mails, acho que já pegaram eles. Vou me manter em silêncio por hoje. Talvez consiga escapar no primeiro carregamento de tempero da manhã.

19/08/1998. Dia seguinte.
Era mentira. Sachika sempre mente, eu devia saber. O Matusalem é de Quarta, não Quinta. Ele se diz Cria direta do nosso Antediluviano, e o que esse cara consegue criar a partir do nada é impressionante. Eu vi ele devorando Sachika em questão de segundos. Dizem que esses velhos já não se sustentam mais só com sangue humano… Não vou ficar por perto muito tempo. Ele está nos fazendo criar Abraços em massa (déjà vu?) e lançando dezenas de neófitos contra os Cataianos. Está funcionando, por enquanto, mas eu não quero estar aqui pra ver o que vai acontecer quando ele ficar com fome de novo.

25/08/1998. Seis dias depois.
É impressionante o que esses Cataianos são capazes de fazer. Acho que nunca vi uma cabeça voar tão longe de uma vez só. Eu acho que consegui matar um deles, mas não tenho certeza se funcionam como nós, do Ocidente.

De qualquer forma, não é mais meu problema. Escapei de Erode, agora estou em Coimbatore. Se seguir as estradas, posso dar a volta em Bangalore e escapar do grosso de Cataianos.

04/07/1999. Ano seguinte. Cento-e-vinte-e-quatro anos.
Não dormi direito hoje. Tive algum pesadelo, mas não lembro o que era. Deve ser o estresse da última batalha em Erode. Udit vive por aqui com alguns Rroma. Vou me encontrar com ele, me atualizar sobre as estradas dessa região.

05/07/1999. Dia seguinte.
Outro pesadelo. Estou no apartamento de uns primos de Udit. Ele disse que anda tendo pesadelos também. Estamos todos em tempos de guerra. É esperado, eu acho.

06/07/1999. Dia seguinte.
Não me lembro com o que eu sonhei, mas foi pior do que todos os outros. Tinha algo a ver com um rei… E, não sei, canibalismo? Em todo caso…

Udit teve um frenesi estranho hoje. A energia foi cortada, aparentemente por causa de um furacão ao Norte daqui, enquanto ele estava assistindo televisão. Ele matou três da família, tivemos que fugir. Estranho, eu nunca achei que ele fosse do tipo que se esquenta tão fácil.

07/07/1999. Dia seguinte.
Estávamos viajando no vagão de um trem de sacas de arroz. Acordei de manhã, o Sol ainda entrava por algumas frestas. Udit já estava acordado, me encarando fixamente como uma espécie de demente alucinado. Ele me atacou, e eu tive que destruí-lo. Ou eu ataquei primeiro? Não tenho certeza.

Não sei o que está acontecendo. O corte que Udit fez no meu estômago não quer fechar, não consegui dormir, e estou faminto, apesar de não me faltar vitae. Tem algo de errado comigo. Com a minha cabeça.

09/07/1999. Dois dias depois.
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10/07/1999. Dia seguinte.
Está passando. Eu não sei o que aconteceu, foi uma semana conturbada. Não me importo com Udit, era ele ou eu. Mas, se não posso controlar minha própria cabeça, começo a ficar preocupado.

Cheguei em Bhabta. Estou com um pressentimento estranho sobre a planície de Bangladesh. Algo muito forte dentro de mim me diz para não ir pra lá. E é por isso que eu vou. Eu quero… Não, eu preciso descobrir o que está acontecendo nesse país.

11/07/1999. Dia seguinte.
Tinha uma cratera enorme, como se tivesse caído alguma coisa gigantesca ali. As nuvens no céu estavam estranhas, e eu… Ora, que diabos. É o meu diário, eu posso escrever o que eu quiser. Quando cheguei dentro da cratera, despenquei a chorar. Não sei o que aconteceu, nem porque me bateu aquela agonia. Chorei feito uma mocinha. Chorei até perceber que não estava sozinho.

Eu não sei o que era aquela criatura. Acho que era um Garou. Eu atirei. Não sei se eu o matei também, mas depois que ele caiu eu voltei pro buggy e acelerei o máximo que pude. Não quis olhar pra trás, e já não faço tanta questão de voltar praquele lugar.

.Retorno
19/07/1999. Uma semana depois.
Não tinha mais nada para mim naquele país maldito. Juntei minhas coisas e vim pra América. Os Estados Unidos mudaram bastante desde que estive fora, confesso. Acho que não é mais seguro ser um Ravnos por essas bandas, nem em lugar nenhum do mundo. Por hora, vou me manter na minha, apenas investigando a sociedade vampírica daqui. Quando tiver alguma certeza sobre eles, começo a mover meus pauzinhos. Quem sabe não fixo residência de novo?

Agora que comecei uma vida nova, preciso traçar um objetivo… É difícil ter um concreto quando você não passa de um cadáver imoral estagnado no tempo, pra ser sincero. Antes eu estava aprendendo um pouco sobre as origens do clã na Índia, quando acabei participando pessoalmente do fim dele. Creio que meu objetivo, agora, é encontrar um novo objetivo. As coisas sempre acabam acontecendo pra mim. Não tenho certeza que eu gosto disso, mas já é o único jeito que eu sei viver. Qualquer coisa diferente seria… entediante.

Bom, não tenho pressa. Não é como se tempo fosse um problema pra mim, não é mesmo? Até lá, talvez eu cace um ou dois filhos da puta dessa cidade, por que não? Isso me manteria ocupado.

15/08/1999. Um mês depois.
Estou me atualizando sobre a documentação e burocracia do país. Creio que não terei problema em forjar documentos aqui a partir de agora.

Testando uma nova ideia, também andei treinando o timing e processo de venda das máquinas de cartões de débito/crédito.

23/10/1999. Dois meses depois.
Me encontrei com um antigo conhecido do Madana, um outro sobrevivente. Acabei descobrindo que era Ian Baxt II, quem diria? Jurava que nunca mais veria o camarada outra vez. Aparentemente o cara é espiritualizado, manja das putarias de ser um verdadeiro Ravnos. Ele disse que boa parte do nosso clã foi extinto, e que aquela foi a batalha do nosso Antediluviano. Não me impressionei muito. No fundo, eu já sabia. Só não tinha plena consciência disso, mas sabia.

Bom, acabou. Eu sobrevivi ao nosso Grande Canibal, não foi? Agora são os outros clãs que devem se preocupar com a Gehenna, não eu. Eu só tenho que me preocupar com o meu rabo.

Separamos nossos caminhos de novo. Mas dessa vez eu pretendo realmente manter contato. Sobraram poucos irmãos para “confiar” agora.

E o maldito velho disse que a vida seria mais fácil… O cu dele que seria!

 

 

OBS: Esse é o formato em diário, em uma próxima publicação eu trago a versão narrativa.

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