NOSFERATU: Roubaram o crânio de Murnau

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NOSFERATU: Roubaram o crânio de Murnau

 

Recentemente a revista Variety noticiou que o crânio do célebre diretor de cinema que dirigiu a obra Nosferatu foi roubado do seu túmulo na cidade de Stahnsdorf. A imprensa também descreveu ligações ocultistas com o crime bizarro. A questão de estranhos ritos para vencer a morte é explorada no meu livro ?#?MistériosVampyricos? mas vamos dedicar algumas linhas sobre o recente crime ocorrido na Alemanha, terreno fértil e inconteste para assuntos Vamps e ocultistas há séculos.

Roubar um crânio, neste caso a alegação mais óbvia segundo os folcloristas contemporâneo seria alguém querendo reclamar para si o poder e a sabedoria deste gênio do cinema – um tipo de crime bastante comum nos cemitérios do Haiti. Ainda na história a seguir veremos que o mito de Salomé reclamando a cabeça de João Batista para ter os poderes proféticos dele é igualmente complementar – bustos e totens consagrados para sobreviver a morte são práticas conhecidas dos românticos e magistas.

É interessante observar que o termo Nosferatu apenas foi associado a vampiro pela cultura pop graças a uma palavra mal compreendida (e talvez inexistente) na obra de Emily Gerard que influenciou Dracula de Bram Stoker. Segundo a bruxaria tradicional dos Balcãs, naquela região o mais próximo do termo designa um espírito/ancestral daemônico familiar (o tema foi debatido amplamente no livro Mistérios Vampyricos). Enquanto obra prima do expressionismo alemão, vale mencionar que o filme Nosferatu contou com a participação de alguns roteiristas ligados ao ocultismo local:

Alvin Grau “Pacitus” foi o autor do script do célebre filme de Murnau e ainda de outros (incluindo Vampire e tb Cabinet of Dr Caligari); foi integrante da Fraternita Saturnis, da qual quase foi regente; aliás ele também foi o designer de produção de Nosferatu, ou seja todo o clima do filme e publicidade foi obra direta dele.Observem a cena do contrato entre Conde Orlock e o protagonista, repleto de símbolos “enochianos”, herméticos e alquimicos.

– O nome da empresa produtora era Prana Films; nome da energia vital hindu, o titulo foi tirado do Jornal Teosófico de Hugo Vollraths, também ligado a Fraternita Saturnis.

– Observemos que a Fraternita Saturnis mantêm um rito chamado “In Nomine Demiurgi Nosferatu”, de tons e nuances amplamente saturninas – além de práticas muito específicas e proeminentes no campo da alquimia, astrologia e demonologia.

Eugen Grosche integrante da Fraternita Saturnis estabeleceu um amplo rito com seu grupo para estabelecer um “egregora” com base em um busto esculpido para tal propósito muito semelhante ao personagem do filme Nosferatu de Murnau. A sincronicidade e o envolvimento de alguns integrantes do grupo com a obra tornam particularmente atraente ao imaginário diversas histórias.

Segundo registros o objetivo de Eugen Grosche era assumir  o controle e fundir seu corpo astral com a tal “egregora” e assim depois da morte achar uma companhia feminina ideal que não havia encontrado em vida. Particularmente isto recorda bastante o romance de Bram Stocker, onde seu conde agora imortal busca a amada ainda viva.

Observemos que a produção de Nosferatu ainda carrega duas outras lendas cinematográficas. Uma delas especula que o ator (para lá de sinistro) Max Shrekt poderia ser um vampiro mesmo. Isto foi explorado no filme “A Sombra do Vampiro” com a interpretação brilhante  de William DaFoe. Inclusive o próprio Murnau morreu bem cedo, assim como alguns membros da produção de forma misteriosa. A outra, menos lúgubre é que o diretor foi processado por plágio pela viúva de Stoker.O roteiro era um plágio de Drácula. E quase todas as cópias dele foram incineradas. Agora o roubo do crânio de Murnau se acresce as lendas que cercam a produção. Vestígio de cera de vela foram encontrados no túmulo.

O enigmático busto da Fraternita Saturnis
O enigmático busto da Fraternita Saturnis

E quanto ao busto misterioso da Fraternita Saturnis? Além dele se assemelhar ao personagem Nosferatu, talvez um avatar saturnino quem sabe ou uma estilização do sigilo de LAM da Thelema com a qual a Fraternita Saturnis teve bastante familiaridade – dado o fato de ser uma loja thelêmica independente germânica.

Uma estátua falante ou capaz de guiar adeptos de uma sociedade discreta não é uma novidade de nenhum tipo. Tal prática recorda o Baphomet supostamente atribuído aos templários ou ainda a cabeça de Orfeu dos adeptos do orfismo, ou golens, homúnculos e afins. Até mesmo em Londres houveram uma ou duas delas no passado distante. Enfim bustos e estátuas assombradas são parte do romance soturno ocidental há tempos – uma forma para vencer a morte e eventualmente se converter em um deus. As bonecas assombradas recentemente vistas nos filmes de terror ou mesmo na segunda temporada do seriado Penny Dreadful são uma variação deste contexto, leia mais neste outro artigo.

Enquanto isso nos Estados Unidos, Zeena LaVey filha de Anton LaVey e líder da Church of Satan anunciou na sua fanpage que lançará um álbum chamado: “Traga-me a cabeça de F.W.Murnau” com tiragem limitada refletindo musicalmente sobre o tema e suas implicações – o lançamento será em dezembro. O título promete ser a sequência do álbum “Traga-me a Cabeça de Geraldo Rivera” de 1988 idealizado porZeena e Nikolas Schreck – e que o nome era uma brincadeira com o famoso filme de Sam Pekimpah.Enfim, não percam a cabeça!(Thanx to Tony Sokol by this news!)

* O assunto é deveras interessante para uma observação antropológica e do imaginário relativo as questões humanas na eterna busca pela imortalidade. Falar sobre tudo isso não implica em apologia ou aprovação de nenhum tipo da minha parte.

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