Álvares de Azevedo e o Baile de Máscaras
Apesar de nascido em São Paulo, Álvares de Azevedo cresceu no Rio de Janeiro; em uma época de muita pompa e luxo, onde os salões da Corte Imperial refletiam a enorme influência europeia. Na modesta Vila de São Paulo de Piratininga, os bailes eram um dos acontecimentos mais importantes para os estudantes da Academia de Direito. Mas, por que isso acontecia? Inicialmente porque não havia outras opções de entretenimento; e, também, porque era nos bailes que os poetas buscavam inspiração para seus versos. Brito Broca, no livro Românticos, Pré-Românticos e Ultra-Românticos explica que “se os romancistas e os poetas assim se inspiravam no baile era porque ele constituía o eixo da nossa vida social e sentimental no século passado. Vivendo as mulheres reclusas no âmbito doméstico sob a vigilância dos pais, sem baile, dificilmente poderia haver namoro.”
Entretanto, se no Rio de Janeiro imperava o esplendor e o brilho dos salões, a coisa em São Paulo era bem diferente. O famoso Baile da Concórdia – um dos únicos da cidade – foi duramente criticado por Álvares de Azevedo nas cartas que escrevia para a mãe e a irmã. Talvez, por esse motivo, Azevedo (que não era um exímio valsador) tivesse tanto gosto em frequentar os bailes cariocas, quando estava em férias da faculdade do Largo São Francisco.
Magalhães Junior, em Poesia e Vida de Álvares de Azevedo, fala sobre uma lenda envolvendo o jovem Álvares e um certo Baile de Carnaval “em que o poeta apresentou-se fantasiado de mulher, a intrigar um ministro europeu […] que se apaixonara pela mascarada, crendo-a dama de costumes fáceis”. O fato foi também citado pelo biógrafo Vicente de Azevedo, que descreveu o preparo minucioso do poeta para a cerimônia:
“A meia máscara de veludo preto, deixando ver a boca rubra de carmim, os olhos negros, na sombra da máscara. Mais moço, o rosto mais cheio, imberbe, e pele fina, as mãos pequeninas, tudo fazia supor uma linda e galante mulherzinha…”
Até lá!
Luciana Fátima
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